Entre O Bem E O Mal, livro de Michel Maffesoli

Entre O Bem E O Mal

assunto:
Ano: 2003
Paginas:182
Não há nada pior do que aqueles que querem fazer o bem, em particular o bem para os outros. E o mesmo se aplica àqueles que "pensam o bem". Eles têm a irresistível tendência para pensar para e em lugar dos outros. Este magistério moral, pois é bem de moralismo que se trata, é perigoso. O "bem" é, com efeito, a justificação última do messianismo judaico-cristão. As teorias modernas da emancipação e do universalismo, que são os seus últimos avatares, assentam, igualmente, neste princípio de base. Conformismo preocupante, porque não mais aplicável. Conformismo ... [Leia mais]
Descrição
Ano: 2003
Paginas:182
Não há nada pior do que aqueles que querem fazer o bem, em particular o bem para os outros. E o mesmo se aplica àqueles que "pensam o bem". Eles têm a irresistível tendência para pensar para e em lugar dos outros. Este magistério moral, pois é bem de moralismo que se trata, é perigoso. O "bem" é, com efeito, a justificação última do messianismo judaico-cristão. As teorias modernas da emancipação e do universalismo, que são os seus últimos avatares, assentam, igualmente, neste princípio de base. Conformismo preocupante, porque não mais aplicável. Conformismo perigoso, porque aquilo cuja existência se nega - complexidade galopante, relativismo cultural, tribalismo emocional e outros sentimentos de pertença, que já não se adaptam às teorias bem-pensantes - corre o risco de se tornar perverso. Isto é, de tomar caminhos desviados, per via, desde logo, não domináveis. O tempo vinga-se pelos excessos de toda a ordem. O retorno dos diversos fanatismos, dos múltiplos terrorismos, bem como a rebelião, mais ou menos violenta, dos jovens de subúrbio, sem esquecer a deserção de numerosas instituições são os seus sinais mais marcantes. Com efeito, silenciosa ou estridente, a revolta ecoa. Esta rebelião, simultaneamente subterrânea e eficaz, significa, certamente, o terminar de um ciclo, este inaugurado pela consagração do bem como valor absoluto. Eis, pois, a implicação maior da mutação pós-moderna. Reconhecer a "parte do diabo", saber fazer dela um bom uso, a fim de que não submerja o corpo social. O excesso, o demonismo, as múltiplas efervescências de diversa ordem estão aí e afirmam que Dionisos é bem o "rei clandestino" da época. A "parte destrutiva", a do excesso ou da efervescência, é precisamente aquilo que precede, sempre, uma nova harmonia. Desde logo, é uma imperiosa exigência intelectual pensar o sensível em todas as suas manifestações. Não se pode, com efeito, limitar-se a seguir a via recta, balizada pelo racionalismo moderno, mas é preciso, pelo contrário, pôr em acção uma razão mais rica, aberta ao paradoxo e, assim, capaz de pensar a polissemia verificada. Para compreender os fenómenos sociais em obra nos dias de hoje, é necessário mudar de perspectiva: já não criticar, explicar, mas compreender, admitir. Muito precisamente, este livro pretende indicar uma tendência de fundo da vida pós-moderna: a ligação orgânica entre o bem e o mal, o trágico e a jubilação. Surpreendente paradoxo, é aceitando o mal, sob as suas diversas modulações, que se pode encontrar uma certa alegria de viver. MICHEL MAFFESOLI é professor na Sorbonne e dirige o Centre d étude sur l Actuel et le Quotidien (Paris V) e o Centre de recherche su l Imaginaire (MSR). É redactor-chefe da revista Sociétés.

Dados Técnicos
Peso: 270g
ISBN: 9789727716616