Na ponta da língua é um importante depoimento de um artista marcante, depois de uma longa vida internacional, cheia de experiências notáveis.
Inicialmente, o livro pode ser considerado uma investigação sobre o valor das palavras, abrangendo várias áreas: Comunicação, Linguística, Teatro. A comparação entre duas línguas – o francês e o inglês – dá origem a uma obra surpreendente, principalmente por se originar de um grande criador, nascido na Inglaterra, mas que reside na França há meio século, onde desenvolve um trabalho teatral com uma equipe de várias nacionalidades.
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Na ponta da língua é um importante depoimento de um artista marcante, depois de uma longa vida internacional, cheia de experiências notáveis.
Inicialmente, o livro pode ser considerado uma investigação sobre o valor das palavras, abrangendo várias áreas: Comunicação, Linguística, Teatro. A comparação entre duas línguas – o francês e o inglês – dá origem a uma obra surpreendente, principalmente por se originar de um grande criador, nascido na Inglaterra, mas que reside na França há meio século, onde desenvolve um trabalho teatral com uma equipe de várias nacionalidades.
Sua investigação dos elementos básicos, primordiais da comunicação humana, resulta num raciocínio que emparelha comparativamente, e com muita ousadia, momentos longínquos entre si da história da humanidade. Quando Peter Brook começa a falar de Teatro (sua grande paixão e maior contribuição artística), seu pensamento – libérrimo – fica ainda mais claro e suas conexões cada vez mais brilhantes.
Há, inserido no texto, um importante relato sobre a criação, em 1970, em Paris, do Centro Internacional de Pesquisa Teatral. Neste momento, ele descreve sua amizade e o trabalho conjunto com Jean-Claude Carrière. Além da recusa de conceitos estratificados, Peter Brook também faz autocríticas reveladoras.
Apesar de as descobertas e revelações relativas ao Teatro brilharem de forma muito especial, outras áreas também aparecem interligadas por um raciocínio que faz comparações surpreendentes a cada momento. Frases de grande impacto, inclusive conceitual (“A paixão varre todas as regras”) deságuam num permanente espanto e maravilhamento diante do poder da linguagem verbal, das diferenças entre duas línguas e dos meandros de cada uma delas.
Sem dogmatismos, o autor vai do estudo da linguagem verbal à reflexão sobre a natureza e a função do Teatro no mundo contemporâneo. Sempre otimista, ele crê no poder do Teatro.
Como se isso não bastasse, ele prova que ainda não se disse tudo sobre Shakespeare, porque em sua obra sempre há algo a descobrir. Na medida em que é impossível resumir sem sacrificar tantas sutilezas, só posso recomendar a leitura imediata desta pequena –
mas instigante – obra de Peter Brook.
José Eduardo Vendramini
Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, é professor titular de direção teatral e dramaturgia na mesma instituição.