Descrição
Texto humorístico do jornalista Fréderic Pagès em que um fictício intelectual francês,
Jean-Baptiste Botul, discute as peculiaridades e significados filosóficos da vida
sexual de Kant.
Um intelectual francês falando, em 1946, sobre a vida sexual de um pensador alemão
(sabidamente celibatário), numa colônia de imigrados kantistas no Paraguai! Vertigem,
enredo inverossímil! Mas por isso mesmo totalmente ao sabor deste surpreendente e
rocambolesco Jean-Baptiste Botul, ordenança de Malraux na Resistência, íntimo de Marie
Bonaparte e Lou Andréas-Salomé, desafeto de Jean Cocteau. A situação com que depara
sugere rótulos óbvios: Fitzcarraldo, realismo fantástico, iconoclastia filosófica. Mas
isso não dá conta do problema aparentemente intransponível que enfrenta e que, por si
só, já preservaria o espanto que este livro provoca: como teorizar/filosofar sobre algo
de que praticamente nada se sabe e que, ao menos à primeira vista, teria importância
estritamente pessoal - entre Kant e, por assim dizer, seus lençóis? Talvez um ensaio
tradicional não pudesse responder essa questão, mas a prosa descompromissada entre
pessoas ilustradas tem poderes mais amplos: nesse ciclo de palestras, ou "conversas",
como prefere o autor, a especificidade do comportamento sexual de Kant é analisada,
psicanalisada e anunciada como um elemento crucial para o entendimento de sua obra. Um
escândalo interpretativo, à época prontamente punido pela academia. Mas Botul alcança
seu objetivo e mostra como o sorriso e a vivacidade do discurso não impedem o avançar,
o iluminar. Assim, passemos à leitura, ou melhor, ouçamos o autor, um mestre da palavra
falada, dando-nos oportunidade única para uma inesquecível conversation savant, no mais
improvável dos salons. (Jézio H. B. Gutierre)
Dados Técnicos
Peso: 393g
ISBN: 9788571393394