O império dos signos, livro de Roland Barthes

O império dos signos

Por que o Japão? Porque é o país da escrita: de todos os países que o autor pôde conhecer, o Japão é aquele onde encontrou o trabalho do signo mais próximo de suas convicções e de suas fantasias, ou, se preferirem, o mais distante dos desgostos, irritações e recusas que nele suscita a semiocracia ocidental. O signo japonês é forte: admiravelmente regrado, arranjado, exibido, jamais naturalizado ou racionalizado. O signo japonês é vazio: seu significado foge, não há deus, verdade, moral, no fundo desses significantes que reinam sem contrapartida. E sobretudo a qualidade superior desse signo,... [Leia mais]
Descrição
Por que o Japão? Porque é o país da escrita: de todos os países que o autor pôde conhecer, o Japão é aquele onde encontrou o trabalho do signo mais próximo de suas convicções e de suas fantasias, ou, se preferirem, o mais distante dos desgostos, irritações e recusas que nele suscita a semiocracia ocidental. O signo japonês é forte: admiravelmente regrado, arranjado, exibido, jamais naturalizado ou racionalizado. O signo japonês é vazio: seu significado foge, não há deus, verdade, moral, no fundo desses significantes que reinam sem contrapartida. E sobretudo a qualidade superior desse signo, a nobreza de sua afirmação e a graça erótica com que ele se desenha são postas em toda parte, sobre os objetos e as condutas mais fúteis, aquelas que remetemos habitualmente à insignificância ou à vulgaridade. O lugar do signo não será portanto buscado, aqui, no lado de seus domínios institucionais: não trataremos nem de arte, nem de folclore, nem mesmo de “civilização” (não oporemos o Japão feudal ao Japão tecnológico). Trataremos da cidade, da loja, do teatro, da polidez, dos jardins, da violência; de alguns gestos, de certos alimentos, de certos poemas; falaremos dos rostos, dos olhos e dos pincéis com os quais tudo isso se escreve mas não se pinta. (Roland Barthes)

Sobre o autor

Roland Barthes nasceu em Cherbourg, em 1915, e morreu em Paris, em 1980. Passou sua infância em Bayonne e depois em Paris, onde estuda nos liceus Montaigne e Louis-le-Grand. Em 1935 inicia seus estudos de Letras clássicas na Sorbonne, onde participa da fundação do Grupo de Teatro Antigo da Sorbonne. Seu primeiro ensaio, Le Degré zéro de l'écriture, de 1953, foi considerado como o manifesto de uma nova crítica, preocupada com a lógica que emana do texto. Foi professor da École pratique des hautes études desde 1962 e ocupou a cadeira de semiologia do Collège de France de 1977 a 1980. Pela Editora WMF Martins Fontes, o autor tem também publicados no Brasil: Como viver junto, O grão da voz, Escritos sobre teatro, O império dos signos, A preparação do romance (volume 1), A preparação do romance (volume 2), O rumor da língua, Sade, Fourier, Loyola, Sistema da moda e O grau zero da escrita.

Dados Técnicos
Peso: 351g
ISBN: 9788546900732