Pode-se ler este livro como uma alegoria: o deserto em que vagueia o anacoreta, por entre penhascos e areia, tudo povoado por fantasmagorias e alucinações, é também o da literatura, aquele espaço literário, já esvaziado, repleto de tentações, e que Maurice Blanchot, num gesto de pura e absoluta genialidade, soube ler, de modo tão preciso quanto complexo, como etapa decisiva na formação da chamada literatura moderna.
Alias, seria toda uma outra e longa história pensar no deserto como espaço formador da própria literatura: neste caso, deserto é, ou pode ser, sinônimo de recusa... [Leia mais]