Descrição
“Extravagâncias”, obra que estava fora de catálogo e coeditada agora pela Editora Barcarolla e
Discurso Editorial, é resultado de textos produzidos durante 25 anos pela professora titular de
filosofia contemporânea da Universidade de São Paulo (USP), Scarlett Marton. São 11 ensaios
sobre assuntos diversos do pensamento nietzschiano e que evocam as circunstâncias em que
foram produzidos e o contexto em que estavam inseridos. Reunidos, mas independentes uns
dos outros, os textos partem de uma visão de conjunto da obra de Nietzsche.
A autora leva em conta o lado corrosivo da crítica dos valores presente em Nietzsche, bem
como o lado construtivo de sua cosmologia. Em “Por que sou um extemporâneo”, Scarlett
Marton procura revelar traços peculiares do pensamento nietzschiano e, para isso, busca
investigar o sentido e avaliar o alcance do caráter de extemporaneidade que o filósofo
reivindica em sua reflexão.
“A dança desenfreada da vida” mostra, sobretudo, como a dança, enquanto movimento,
cadência, leveza, alegria, é determinante na maneira pela qual Nietzsche concebe a própria
filosofia. Nesse ensaio, especificamente, o alemão faz da dança sua aliada no combate à
metafísica e à religião cristã. O ensaio “A morte de Deus e a transvaloração dos valores” dá
nome ao destino de 20 séculos de História Ocidental. É a morte de Deus que torna possível
repensar as relações entre homem e mundo e colocar a partir de outras bases a questão dos
valores que devem nortear a conduta humana.
Em “O eterno retorno do mesmo: tese cosmológica ou imperativo lógico?” a autora descarta
tanto a tese de que a doutrina do eterno retorno do mesmo se limita a uma concepção de
mundo quanto a de que ela se restringe a uma exortação para a ação. Buscando uma terceira
via para elucidá-la, acaba por reinscrevê-la no quadro do empreendimento filosófico
nietzschiano enquanto um todo. “Nietzsche e Hegel, leitores de Heráclito – a propósito de uma
sentença de Zaratrusta: Da superação em si” analisa de que maneira os dois filósofos
concebem o vir-a-ser, examinando os pontos convergentes e divergentes de suas
interpretações sobre Heráclito. Utilizando-se, sobretudo, dos comentários de Kaufmann e
Deleuze sobre o tema, o ensaio avalia a tese de afinidade e a tese de oposição entre o
pensamento hegeliano e a filosofia nietzschiana.
“Nietzsche e Descartes: filosofias de epitáfio” tem como ponto de partida a observação que
Nietzsche faz numa carta de dezembro de 1887 acerca da inscrição no túmulo de Descartes:
“Bene vixit qui bene latuit” (Bem viveu quem bem se escondeu). O ensaio pretende investigar
em que medida seria possível estabelecer um diálogo, ainda que inteiramente fictício, entre os
dois filósofos sobre os problemas relativos à conduta humana. Já o capítulo “Nietzsche:
consciência e inconsciência” dedica-se a explorar as relações entre pensamento, linguagem e
consciência presentes na obra do filósofo. Nesse tema, Nietzsche pergunta pelas condições da
possibilidade do conhecimento, mas não coloca a questão a partir do exame das faculdades do
espírito. Procura reinscrevê-la em um contexto histórico e fisiológico.
Em “Nietzsche e a Revolução Francesa”, a autora busca mostrar que o filósofo não tem a
pretensão de se colocar como teórico do poder, no sentido estrito da palavra, muito menos
como analista político. Questões como moral, política e religião, intimamente ligadas no
pensamento nietzschiano, integram um campo de investigação mais amplo: são objeto da
crítica dos valores. No ensaio “Foucault leitor de Nietzsche” Marton não se propõe a examinar
de que maneira o trabalho de Foucault teria se inspirado nas ideias de Nietzsche nem indagar
em que medida seu projeto teria sido por elas influenciado. A proposta da autora é questionar
os limites e ressaltar as pertinências das posições de Foucault sobre sua interpretação da obra
de Nietzsche.
“A terceira margem da interpretação” busca apresentar o trabalho de Wolfgang Müller-Lauter
sobre a obra de Nietzsche. Pouco conhecido no Brasil e com uma ótica diferente daquela
apresenta por Heidegger e Foucault, em voga no Brasil à época do lançamento da primeira do
livro, Müller-Lauter inaugura uma nova vertente interpretativa da obra do filósofo para o público
brasileiro. Por último, “Nietzsche e a cena brasileira” procura mostrar o impacto das ideias do
filósofo no Brasil. De forma breve, aponta as tendências e movimentos e faz um balanço da
recepção do pensamento nietzschiano no País.
Sobre a autora
Scarlett Zerbetto Marton é professora titular de filosofia contemporânea da Universidade de
São Paulo. Concluiu o mestrado em Filosofia na Université Paris I Sorbonne (1974), o
doutorado (1988) e a livre-docência (1996) em Filosofia na Universidade de São Paulo. Além
de "Extravagâncias" é autora de "Nietzsche, das forças cósmicas aos valores humanos", "A
irrecusável busca de sentido. Autobiografia intelectual". Publicou trabalhos na Alemanha, Áustria, França, Espanha, Estados Unidos, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Argentina e Chile.
Fundou e coordena o GEN - Grupo de Estudos Nietzsche; é a editora-responsável dos
Cadernos Nietzsche e da Coleção Sendas e Veredas. Trabalha na área de Filosofia, com
ênfase em História da Filosofia Moderna e Contemporânea, atuando principalmente nos
seguintes temas: "Nietzsche, atualidade e crítica" e "Crítica da cultura contemporânea".
Dados Técnicos
Peso: 350g
ISBN: 9788586590948