Movimento Negro Unificado. A resistência nas ruas, livro de Joana Ferreira da Silva, Luiz Fernando Costa de Andrade, Esmeralda Ribeiro, Paulo Rafael da Silva, Janaina Rocha, Mirella Domenich, Patricia Casseano, Neusa Maria Pereira, Maria Inês da Silva Barbosa, Lélia Gonzalez, Flávio Carrança, Fábio Nogueira de Oliveira, Milton Barbosa, Lenny Blue de Oliveira, José Adão de Oliveira, Rafael Pinto, Flávio Jorge Rodrigues da Silva, Claudete Gomes Soares, Gevanilda Santos, Paulo Ramos, Ieda Leal, Sílvia de Mendonça

Movimento Negro Unificado. A resistência nas ruas

Em 1871, Luiz Gama diria que a resistência é uma
virtude cívica. Pouco mais de cem anos depois, em
julho de 1978, iniciava-se um grande movimento civil
de mulheres e homens negros contra o racismo. Essa
luta contra todo tipo de preconceito e discriminação
vem de longe, desde quando nossos antepassados
foram sequestrados do continente africano e aqui
escravizados para enriquecer os colonizadores das
Américas.
Apesar da escravidão, resistimos. Hoje podemos
evocar uma linhagem de lideranças que bravamente
se insurgiram contra a ... [Leia mais]
Descrição
Em 1871, Luiz Gama diria que a resistência é uma
virtude cívica. Pouco mais de cem anos depois, em
julho de 1978, iniciava-se um grande movimento civil
de mulheres e homens negros contra o racismo. Essa
luta contra todo tipo de preconceito e discriminação
vem de longe, desde quando nossos antepassados
foram sequestrados do continente africano e aqui
escravizados para enriquecer os colonizadores das
Américas.
Apesar da escravidão, resistimos. Hoje podemos
evocar uma linhagem de lideranças que bravamente
se insurgiram contra a ignomínia de torturas e castigos
do cativeiro. Aquilombaram-se. Defenderam a si e
aos seus com armas, palavras e manifestações. Com
Zumbi e Dandara nos Palmares e João Cândido e Luiza
Mahin nas revoltas populares. Com o abolicionismo
de André Rebouças, de José do Patrocínio e do próprio
Luiz Gama, que atuavam nas redações de jornais e na
defesa intransigente da liberdade. Com a alta literatura
de Machado de Assis, Maria Firmina dos Reis e Lima
Barreto. Com Aristides Barbosa, Solano Trindade e os
200 mil mulheres e homens da Frente Negra Brasileira
(FNB) de 1931 – primeira organização que enfrentou
as dicotomias raciais e as teses de eugenia contra
negros e mestiços. Os nossos antepassados ilustres
foram torturados, assassinados, embranquecidos
e apagados do panteão da história oficial. Ao lado
de tantos outros anônimos, sobreviveram a um
verdadeiro genocídio e nos deixaram um riquíssimo
legado social, intelectual, cultural, religioso. Um
capital simbólico inestimável.
Aquela juventude negra que em 1978, em plena
ditadura civil-militar, se insurgiu e saiu em protesto
pelas ruas de São Paulo bradando que a democracia
racial era um mito, denunciando a farsa da abolição e a
violência policial, dava continuidade à luta dos nossos
antepassados, por isso hoje se junta ao panteão de
nossa história: Lélia Gonzalez, Hamilton Cardoso,
Lenny Blue, Neuza Maria Pereira, Milton Barbosa,
José Adão de Oliveira, Rafael Pinto e tantos outros
que povoam as páginas deste livro protagonizaram
marchas, encontros, festivais, publicações, conquistas
constitucionais e políticas públicas para a população
negra.
Hoje, muitas lideranças continuam firmes nas
trincheiras do combate ao racismo. Os movimentos,
sobretudo de mulheres negras, ganham força, e
surgem novos coletivos para impedir retrocessos e
denunciar a ação dos agentes do Estado no sistemático
encarceramento e assassinato da juventude negra nas
periferias das cidades. O genocídio ainda continua
– porque “a carne mais barata do mercado é a carne
negra”, como canta Elza Soares. A desigualdade salarial,
de oportunidades, de direitos, sobretudo para as
mulheres negras – herança maldita da escravidão que
no pós-abolição se moderniza e produz o abandono
de milhões de seres humanos à própria sorte –, é o
principal motivo que faz o Brasil ser reconhecido como
um país antidemocrático, autoritário, conservador,
elitista e eurocêntrico. Um país que revive o passado
repressor e onde o futuro demora a chegar.
Celebrar, por meio deste livro, os quarenta anos do
Movimento Negro Unificado (MNU) é um modo de
homenagear cada afro-brasileiro, cada negro e cada
negra, por resistir e continuar lutando por direitos,
cidadania e liberdade até que sejamos todas e todos
livres do racismo, da pobreza, do machismo, da
LGBTIfobia e de qualquer forma de intolerância.
Axé e boa leitura!

Dados Técnicos
Páginas: 216
Peso: 565g
ISBN: 9788594931634