Império em Tempos de Conciliação: Atores, Ideias e Discursos (1848-1857)

Descrição

O início da década de 1850, visto por muitos autores como o apogeu do Segundo Reinado, quando examinado com uma lente mais fina, se mostra um fervilhante caldeirão de disputas políticas. O trabalho de Paula Ferraz nos permite adentrar nesse universo.Baseado em ampla pesquisa documental, o livro nos conduz para a Assembleia Geral, assistimos discursos de deputados, senadores e ministros, e acompanhamos o debate pela imprensa. Nesse caminhar, Paula Ferraz dissolve uma série de certezas que, por anos, os historiadores alimentaram. Falávamos facilmente de grupos políticos bem delimitados, liberais e conservadores ou luzias e saquaremas. Mas tais definições estanques não explicam as escolhas e decisões políticas individuais. Nesse sentido, o Gabinete da Conciliação se mostrou como locus perfeito para discutir a questão das identidades políticas. Afinal, o que sua pesquisa demonstra é que não se podem congelar tais definições, porque elas são insuficientes para explicar o processo histórico. Ainda que muitos desses políticos não tenham abandonado certa “identidade partidária”, observa-se que muitas outras identidades estavam em disputa, e as decisões políticas baseavam-se em outros vínculos, não aqueles do partido. Seu texto tem aindao mérito de dialogar com a ampla historiografia sobre a política imperial. Discute com os autores de forma elegante e, generosamente, compartilha com o leitor seus suportes teórico-metodológicos. Com seu livro, Paula Ferraz ilumina aspectos negligenciados da política da Conciliação e acaba por problematizar um dito, há muito repetido, de que nada mais parecido com um conservador que um liberal no poder. O livro é, assim, uma importante contribuição para a historiografia que analisa a política aolongo do século XIX. Silvana Mota Barbosa Departamento de História - UFJF