Graciliano Ramos e a Novidade - O astrônomo do inferno e os meninos impossíveis

Descrição

Em Graciliano Ramos e a Novidade: o astrônomo do inferno e os meninos impossíveis, Ieda Lebensztayn trata da revista “Novidade” – periódico cultural alagoano do início da década de 30, esquecida ou desconhecida até mesmo dos meios acadêmicos. Como se verá neste livro, o eclipse da revista foi absolutamente injusto: integram-na matérias de grande interesse, dos jovens Aurelio Buarque de Holanda, Jorge de Lima, José Lins do Rego... e do mestre Graciliano Ramos. Entre o projeto de apresentação da revista e o de estudo dos romances de Graciliano, Ieda ficou com os dois – escolha que redundou nas duas partes deste livro, ambas tão estimulantes quanto bem sucedidas.

“Novidade” foi editada entre abril e setembro de 1931, nos seus 24 números. Com perfil combativo, expondo vivas questões da cultura e da ideologia locais ou nacionais, esse semanário trouxe para Ieda o desafio da difícil conjugação entre o projeto coletivo dos colaboradores, que a seduziu, e a personalidade individualíssima do escritor Graciliano Ramos, paixão sua. Ela apostou que, numa pequena mas decisiva área de intersecção, Graciliano está em “Novidade” e “Novidade” está em Graciliano: a revista repercute, nas crônicas e nos ensaios, o que Ieda detecta como “postura crítica contra o lugar-comum de miséria, ignorância, violência e política paternalista”. É uma postura – diga-se – nada estranha ao universo ficcional de Graciliano, e se dá a ver, sugestivamente, nas quatro crônicas que publicou em “Novidade”.

O leitor tem nas mãos o feliz resultado dessa aposta: numa primeira parte, dará com a apresentação historiográfica, minuciosa e analítica, no alto nível que a revista há muito fazia por merecer; e, numa segunda parte, com a estimulante investida na leitura interpretativa dos romances maduros de Graciliano, na qual ressoam algumas das preocupações éticas norteadoras de “Novidade”. Reunindo, pois, a recuperação histórica, a análise apurada e a criatividade do ensaio hermenêutico, este livro faz jus à atenção concentrada do leitor.

Alcides Villaça