Tratado descritivo do Brasil em 1587

Descrição

Tratado descritivo do Brasil em 1587 reúne dois textos de Gabriel Soares de Sousa: “Roteiro geral com largas informações de toda a costa que pertence ao Estado do Brasil e a descrição de muitos lugares dela, especialmente a Bahia de Todos os Santos” e “Memorial e declaração das grandezas da Bahia de Todos os Santos, de sua fertilidade e das notáveis partes que tem”. Ambos enviados a um influente conselheiro do rei Filipe II de Espanha, no intuito de oferecer à Coroa informações acerca da situação da colônia portuguesa e demonstrar o conhecimento do autor sobre aquelas terras.

O “Roteiro geral” e o “Memorial e declaração”, ainda que circulassem em cópias manuscritas pela Europa e fossem citados por religiosos e viajantes, permaneceram inéditos e anônimos ou apócrifos até o século XIX, quando foram recuperados, reunidos e publicados integralmente, com sua autoria restituída, pelo historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen. Desde então, a obra tem despertado grande interesse dos estudiosos do início da colonização do Brasil e é considerada por muitos o mais importante texto quinhentista sobre o assunto. É fonte indispensável a diferentes áreas do conhecimento, como botânica, geografia, história e antropologia, pois as minuciosas descrições apresentadas por Soares fornecem preciosas informações a respeito da fauna, da flora, dos acidentes geográficos, dos povos nativos e dos engenhos da costa do Brasil no século XVI, sobretudo da Bahia de Todos os Santos.

Sobre o autor

Gabriel Soares de Sousa nasceu em Portugal, provavelmente na década de 1540, e chegou ao Brasil, proveniente do Reino e a caminho das Índias Orientais, em 1569. Não se sabe o que fez este viajante e explorador desistir de seguir viagem com o restante da tripulação e desembarcar no litoral da capitania da Bahia. Soares se fixou no Recôncavo, onde se estabeleceu como senhor de engenho e proprietário de terras, imóveis na cidade, bois e escravos. Após quinze anos vivendo na colônia, viajou à Corte espanhola com o intuito de solicitar ao rei Filipe II permissão para empreender uma expedição para além do rio São Francisco, em busca de pedras e metais preciosos. Enquanto esperava, em Madri, o despacho real, Gabriel Soares colocou no papel as lembranças dos dezessete anos em que viveu no Brasil, produzindo os dois textos que agora são publicados, enviando-os ao valido do rei, D. Cristóvão de Moura, em 1o de março de 1587. Após seus pedidos serem aceitos pela Coroa e em posse das concessões reais para realizar sua empreitada colonial, Soares retornou à Bahia em 1591 para, no mesmo ano, partir para o sertão, onde veio a falecer logo em seguida.