Fundamentos da Educação: Crise e Reconstrução, livro de Flávio Brayner

Fundamentos da Educação: Crise e Reconstrução

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Embora escrito e pensado com um claro objetivo acadêmico, gostaria que o leitor que porventura tenha este livro nas mãos, percebesse que os exemplos e ilustrações de minha argumentação, a linguagem que exercito e os instrumentos de que lanço mão paraseduzi-lo a permanecer lendo-o, são aqueles da literatura, domínio onde aposto minhas fichas na tentativa de modificação da linguagem pedagógica, hoje dominada por clichês e jargões que apontam, in extremis, para a falência do pensamento, para nossaincapacidade de interromper o continuum de nossa existência, repetindo os automatismos de nossas r... [Leia mais]
Descrição
Embora escrito e pensado com um claro objetivo acadêmico, gostaria que o leitor que porventura tenha este livro nas mãos, percebesse que os exemplos e ilustrações de minha argumentação, a linguagem que exercito e os instrumentos de que lanço mão paraseduzi-lo a permanecer lendo-o, são aqueles da literatura, domínio onde aposto minhas fichas na tentativa de modificação da linguagem pedagógica, hoje dominada por clichês e jargões que apontam, in extremis, para a falência do pensamento, para nossaincapacidade de interromper o continuum de nossa existência, repetindo os automatismos de nossas respostas. É isto o que chamo de crise. A linguagem pedagógica que utilizamos, mergulhada em humanismo otimista, deixou de ser convincente e como não hávácuo social nem discursivo, o espaço deixado pela in-significância de nossa linguagem está sendo ocupado pela distopia tecnocrática, comandada pela metafísica do mercado. Eis porque, defendi neste ensaio a necessidade de uma mudança na linguagem pedagógica e sugeri - embora com uma certa descon-fiança - que a literatura nos conduzisse nesta aventura, embora nada possa dizer a respeito do que nos espera ao fim de tal empresa. Se sugeri que a estrutura narrativa da obra literária pode nos fornecer elementos - para além do político - de reconstituição do espaço público e das subjetividades individuais, é porque aqui, parece-me, reside um fertilíssimo terreno onde apoiar a noção kantiana e arendtiana de pensamento representativo: o descen-tramento que dá ao espaço público sua condição decisivamente política, que é a disputa com outros pontos de vista sobre os significados do mundo comum. Não sei se isto serve de consolo àqueles que, por acaso, veem neste ensaio um libelo desesperado diante de um mundo em vias de desaparecer, mas, ao absurdo de empurrar interminavelmente nossas pedras montanha acima, segue-se sempre o momento da contemplação e da consciência quando elas rolam ladeira abaixo. O que não podemos desconhecer é que a falta de familiaridade com o mundo (o absurdo camusiano) atingiu o coração de nossa instituição escolar, espremida entre o fracasso das promessas demiúrgicas de uma modernidade que já se vai e a necessidade de novas ilusões.

Dados Técnicos
Páginas: 144
Peso: 165g
ISBN: 9788575913789