Passar Pelo Escrito - Lacan, a Psicanálise, a Ciência: Uma Introdução ao Trabalho Teórico de Jacques Lacan, livro de Guilhermo Milan-Ramos

Passar Pelo Escrito - Lacan, a Psicanálise, a Ciência: Uma Introdução ao Trabalho Teórico de Jacques Lacan

assunto:
Ainda mais uma introdução à obra de Lacan! A primeira da série foi, como esta, uma tese de doutoramento, lançada na França em inícios da década de 1970, com um prólogo do próprio, que vaticinava a partir dali o começo do fim de seu ensino devido ao poder dissolvente do discurso universitário. E de lá para cá não param de surgir novas. Já se contam por centenas, e cada uma finge que anuncia uma novidade inaudita a um público que nunca ouvira ou lera nada semelhante.

Aonde vão os introduzidos de ontem, amanhã? Parece o mergulho autônomo no Brasil. Há 30 anos que mergulho, 24 dele... [Leia mais]
Descrição
Ainda mais uma introdução à obra de Lacan! A primeira da série foi, como esta, uma tese de doutoramento, lançada na França em inícios da década de 1970, com um prólogo do próprio, que vaticinava a partir dali o começo do fim de seu ensino devido ao poder dissolvente do discurso universitário. E de lá para cá não param de surgir novas. Já se contam por centenas, e cada uma finge que anuncia uma novidade inaudita a um público que nunca ouvira ou lera nada semelhante.

Aonde vão os introduzidos de ontem, amanhã? Parece o mergulho autônomo no Brasil. Há 30 anos que mergulho, 24 deles aqui, e cada vez que procuro uma operadora que me leve para cair no mar, só encontro ofertas de saídas para check-out. Ou seja, primeira vez de debutantes. Onde estão todos que debutaram nesses anos passados? Não é possível encontrar companhia para aprofundar abismos menos trilhados? Difícil: é mais barato e seguro levar um grupo à Ilha das Couves, em São Sebastião, suponhamos, que a penetrar na corveta que está a 70 metros, afundada em Fernando de Noronha.

Mais uma introdução a Lacan, então, para aprender a nadar em uma piscina evitando-se correntezas e tubarões? Sim, mas com uma diferença, o autor não é um velho iniciado a divulgar ao vulgo os arcanos da sua disciplina, ou um mestre a transmitir a sabedoria acumulada após longos anos de exercício. Não, o autor não promete a solução dos mistérios do lacanismo em cinco lições. E não o faz porque seu próprio check out é recente e o que ele tem para oferecer (e não é pouco) é o encanto da própria descoberta.

Milán-Ramos quer mostrar o que anda fazendo, não o que já fez; chama o leitor como parceiro, não como discípulo, a entrar junto com ele nas águas túrbidas para compartilhar o encanto da descoberta que ele mesmo deseja fazer; a arriscar-se nas cavernas submersas que ele está explorando. É um caminhante que convida a caminhar juntos, antes como o autor do Guide du Routard (que levamos junto conosco durante a travessia) do que como o da enciclopédia ilustrada (que nos mostra o local desde o satélite). E nesta estrada está mais para Dante do que para Virgílio.

Este livro, então, não se propõe a e não serve para poupar ao leitor as dificuldades consideráveis da leitura de Lacan; propõe-se ao contrário servir como guia na hora do confronto com um estilo difícil senão impossível. Lacan adorava dizer que ele era ilegível, justamente para que todo mundo tivesse o desejo de lê-lo: mal podia ele imaginar que tinha criado as condições para o surgimento de uma legião de explicadores. Milán-Ramos não se conta entre estes últimos; não oferece um falacioso Lacan esclarecido mas um instrumento, menos uma bússola que um diário de viagem, com o qual levar adiante o desejo de se ler Lacan. (Ricardo Goldenberg, psicanalista)

Indagando com profundidade e perspicácia o modo de operação de Jacques Lacan ao teorizar, o autor desdobra o alcance da verdade que determina que o pensamento teórico é inconsciente (...)

Mas o importante é que na realização desta tarefa também o tom da escrita vem sustentar o que se transmite. Feliz achado do autor: um tom à altura de fazer passar uma experiência de linguagem proposta por Lacan. As afirmações que aqui encontrará: contundentes, modalizadas, sensíveis, aproximativas, suspensivas, contraditórias, incessantemente desdobradas em tensão, inquietam o leitor e o conduzem ao cerne do impossível no dizer, letra que se transmite. (...) O leitor estará irremediavelmente tomado em uma rede de efeitos: de surpresa, de indignação, de revelação. Diria que o texto obedece à letra o conselho lacaniano: não me imitem, façam como eu faço. Pois é necessário reconhecer que a condição primeira para suportar os efeitos dessa escrita sobre o estilo de Lacan é a transferência com o ensino de Lacan. (da apresentação de Nina V.de Araújo Leite, Iel/Unicamp)

J. Guillermo Milán-Ramos nasceu em Tacuarembó, Uruguai (1966) e mora no Brasil desde 1998. É licenciado em Lingüística pela Universidad de la República (Montevidéu, Uruguai), e mestre e doutor em Lingüística pelo Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp. Desenvolve pesquisa na área de linguagem e psicanálise e aquisição da linguagem, e é membro do grupo de pesquisa SEMASOMa, do IEL-Unicamp, dirigido por Nina V. de Araújo Leite. Atualmente é docente do programa de mestrado em Letras da Universidade do Vale do Rio Verde (Unincor), e do curso de Letras da FESB. Também publicou: Hombres de palabra. Subjetividad, oralidad, escritura. Montevidéu: Universidad de la República/ Lapzus, 2005. Email: jgmilan@terra.com.br

Dados Técnicos
Peso: 410g
ISBN: 9788575910689