A melodia das coisas, livro de Rainer Maria Rilke

A melodia das coisas

Tradução do alemão: Claudia Cavalcanti

A Editora Estação Liberdade lança a coletânea de contos, ensaios e cartas de Rainer Maria Rilke A melodia das coisas, organizada e traduzida por Claudia Cavalcanti, apresentando ao leitor brasileiro outras facetas do renomado poeta de Cartas ao jovem poeta.

Os quatro contos selecionados para a coletânea — “Ewald Tragy", "Wladimir, o pintor de nuvens", "Aula de ginástica" e "Os últimos" — dão uma prova do vigor que já se apresentava no período de busca de personalidade literária do jovem autor, entre 1898 e 1907. “Nos contos, o l... [Leia mais]
Descrição
Tradução do alemão: Claudia Cavalcanti

A Editora Estação Liberdade lança a coletânea de contos, ensaios e cartas de Rainer Maria Rilke A melodia das coisas, organizada e traduzida por Claudia Cavalcanti, apresentando ao leitor brasileiro outras facetas do renomado poeta de Cartas ao jovem poeta.

Os quatro contos selecionados para a coletânea — “Ewald Tragy", "Wladimir, o pintor de nuvens", "Aula de ginástica" e "Os últimos" — dão uma prova do vigor que já se apresentava no período de busca de personalidade literária do jovem autor, entre 1898 e 1907. “Nos contos, o leitor logo reconhecerá o jovem René de Praga, e não só ele como toda a atmosfera da cidade, com as características da grande e pequena burguesia daquela época (...)”, afirma a organizadora no prefácio desta edição.

Já o ensaio que dá nome à coletânea, "A melodia das coisas", vem acompanhado de dois outros pequenos tratados, "Sobre arte" e "Obras de arte", nos quais Rilke toma das artes plásticas, principalmente das pinturas de Paul Cézanne e das esculturas de Auguste Rodin, lições sobre equilíbrio e harmonia para aplicá-las à vida cotidiana.

Entre suas cartas publicadas — sete mil, ao todo —, o leitor pode acompanhar cronologicamente a evolução do jovem autor até a fama como poeta. Na seleção desta edição, que contempla dois dos destinatários mais fiéis de Rilke, sua ex-mulher Clara e o “jovem poeta” Franz Xaver Kappus, encontramos as inquietações ainda pouco conhecidas do escritor em relação à vida e à arte.

Como anexo, esta edição traz uma resenha de Os Buddenbrooks, de Thomas Mann, escrita por Rilke em 1902, e um prefácio às Cartas ao jovem poeta, escrito por Franz Xaver Kappus, o “jovem poeta” que escolheu Rilke como seu mentor artístico e espiritual.

Trechos

— Sim, e meu pai então. É uma pessoa ótima. Gosto muito dele. É tão distinto e tem um coração de ouro. Mas as pessoas lhe perguntam: “Seu filho faz o quê?”, e ele fica envergonhado, fica embaraçado. O que dizer? Somente poeta? É simplesmente ridículo. Mesmo que fosse possível, essa não é uma profissão. Não leva a nada, não se faz parte de uma classe, não se tem direito a aposentadoria, em suma: não se estabelece uma relação com a vida. (p. 35)

E a arte nada fez senão mostrar-nos a confusão na qual quase sempre nos encontramos. Ela nos inquietou, em vez de nos fazer silenciosos e calmos. E provou que cada um de nós habita uma ilha diferente; só que as ilhas não são distantes o suficiente para que permaneçamos solitários e despreocupados. Um pode molestar o outro, ou assustar, ou perseguir com lanças — mas ninguém pode ajudar o outro. (p. 125)

Não há motivo para crer que um dia tenha sido diferente. Pois aquilo que diferencia as obras de arte de todas as outras coisas é a circunstância de que são, por assim dizer, coisas futuras, coisas cujo tempo ainda não chegou. (p. 139)

E não há como usar o tempo como medida: um ano, dez anos não são nada. Ser artista significa: não calcular nem contar; amadurecer como a árvore que não apura seus sumos e se consola nas tempestades da primavera, sem medo que por trás delas o sol possa não aparecer. Mas ele aparece. (p. 150)

Tenho séculos de paciência em mim e quero viver como se meu tempo fosse muito grande. Quero recolher-me de todas as dispersões, e dos usos muito precipitados quero ir buscar e poupar o que é meu. Mas ouço vozes com boas intenções e passos que se aproximam, e minhas portas se abrem... E quando procuro pessoas, elas não me aconselham nem sabem o que quero dizer. (p. 161)

Dados Técnicos
Peso: 397g
ISBN: 9788574482002