Os ódios - Clínica e política do psicanalista, livro de Mauro Mendes Dias

Os ódios - Clínica e política do psicanalista

editora: ILUMINURAS
assunto:
O que tem a falar uma não-analista sobre um livro escrito por um psicanalista, a partir daclínica e da política da Psicanálise? Foi isso o que eu pensei quando fui convidada para fazera apresentação deste livro. E foi lendo-o que eu aprendi que “o não analista não é o nãoanalisado, mas sim aquele que optou em não ocupar o lugar do psicanalista”, na medida emque sua aposta no desejo o conduziu para uma Outra direção; mas que é capaz de reconhecera importância decisiva que a Psicanálise tem como formulação de um saber que não se presta adar respostas e nem a curar paixões. E que, por isso mes... [Leia mais]
Descrição
O que tem a falar uma não-analista sobre um livro escrito por um psicanalista, a partir daclínica e da política da Psicanálise? Foi isso o que eu pensei quando fui convidada para fazera apresentação deste livro. E foi lendo-o que eu aprendi que “o não analista não é o nãoanalisado, mas sim aquele que optou em não ocupar o lugar do psicanalista”, na medida emque sua aposta no desejo o conduziu para uma Outra direção; mas que é capaz de reconhecera importância decisiva que a Psicanálise tem como formulação de um saber que não se presta adar respostas e nem a curar paixões. E que, por isso mesmo, “participa e contribui para que umapolítica pela Psicanálise seja possível”.

A paixão em torno da qual o livro se constrói é o ódio. “Há um fator estruturante no ódio. Épreciso haver ódio para que haja avanço da subjetividade.” Apesar disso, “há uma espécie desilenciamento sobre o problema”. Por que isso ocorre e onde isso pode nos levar em temposcomo o nosso, tão propícios às explosões de ódio? É esse o mote para que o autor nos conduzapor um interessante percurso que costura as relações entre ódio, ciência, saber, clínica epolítica do psicanalista.

Mauro fala em ódios, no plural, pois quer marcar diferenças nas abordagens teóricas deFreud e Lacan; além de distinguir o fenômeno do ódio no campo do masculino e do feminino,em especial quando se refere à abordagem lacaniana das psicoses. Quer tratar, também,do ódio como fator político; bem como do ódio que espreita as comunidades analíticas e,nesse contexto, reflete criticamente sobre sua busca pelo saber universitário. Com isso, nãoestá dizendo que o saber universitário não interessa ao psicanalista, mas que, além de elenão concernir ao que é próprio da clínica, ainda pode se apresentar como gerador de ódio,na medida em que esse saber pode vir a ser abalado. Propõe, como um fator político, que aPsicanálise retorne a uma prática de leigos, e que suas comunidades abram mão das garantiasilusórias dadas pelo acúmulo de saber e de títulos.

Convoca, finalmente, a uma reinvenção da Psicanálise que se dê pelo caminho a partir do qual aúnica aposta seja a de “colocar em exercício a dimensão do inconsciente”, pois apenas a partirde uma escuta ética das suas manifestações que seria possível à Psicanálise elaborar algo novosobre os sintomas sociais destrutivos que nos espreitam na contemporaneidade, bem comoarticular um “antídoto, não todo”, para as manifestações dos ódios. Uma tarefa que diz respeito não apenas àqueles que exercem a clínica, como também a “alguns outros” que entendemque “o possível da política pela Psicanálise é portador de um impossível”.

(Isleide Arruda Fontenelle)

Dados Técnicos
Peso: 240g
ISBN: 9788573213706