Revoluções Brasileiras - Gonzaga Duque

Descrição

Gonzaga Duque, aliás, Luiz Gonzaga Duque Estrada, figura ativa das letras brasileiras no final do século passado e primeira década deste, como crítico de arte, jornalista, poeta simbolista, fundador de revistas (entre elas, Fon-Fon), foi, segundo Humberto de Campos, "um dos escritores mais perfeitos de sua geração". Isso não impediu que caísse no esquecimento, vindo apenas nestes anos de 1990 a ser aos poucos reeditado. Revoluções Brasileiras, obra quase bissexta entre as saídas da pena do autor carioca, tem uma visão histórico-social bastante avançada para a sua época. Valendo-se de construção narrativa épico-dramática e, portanto, incorporando elementos ficcionais, servindo-se de imagens simbolistas na descrição de cenários e personagens ou na produção dos efeitos suspensivos da trama, Revoluções Brasileiras não é, apesar disso, nem uma ficção histórica nem uma história ficcionada. Embora busque Gonzaga Duque no livro uma linguagem mais didática, não deixam de aparecer os termos raros e as construções complexas de seu universo vocabular extremamente rico, em que convivem neologismos, arcaísmos e estrangeirismos. Sua consciência da linguagem como produtora de sentido seleciona e reordena os fatos, numa narrativa que busca as semelhanças entre os movimentos revolucionários que relata. Há vários equívocos do autor quanto à veracidade factual de alguns relatos, porquanto recorreu ele em boa parte a fontes secundárias. Mas o que importa nesta retomada de Revoluções Brasileiras é ressaltar-lhe a concepção original, seja no plano da pedagogia republicana, seja no conteúdo político- ideológico do recorte temático com que opera, seja na elaboração estética de sua linguagem.