Festa de negro em devoção de branco - Do carnaval na procissão ao teatro no círio, livro de José Ramos Tinhorão

Festa de negro em devoção de branco - Do carnaval na procissão ao teatro no círio

editora: UNESP
assunto:
Este livro integra o filão temático que o escritor e pesquisador cultural e musical José Ramos Tinhorão inaugurou em 1988, ao publicar, em Lisboa, Os negros em Portugal – Uma presença silenciosa. Aqui, ele amplia o foco da obra inicial – onde procura evidenciar que a colônia não era receptora exclusiva do tráfico negreiro – para captar a influência negra na cultura lusitana, algo que, afirma, os portugueses tentam “esquecer”.

Para isso, amparado em minuciosa pesquisa histórica, Tinhorão esmiúça os rituais católicos desde os primórdios, e explicita a participação dos negros na... [Leia mais]
Descrição
Este livro integra o filão temático que o escritor e pesquisador cultural e musical José Ramos Tinhorão inaugurou em 1988, ao publicar, em Lisboa, Os negros em Portugal – Uma presença silenciosa. Aqui, ele amplia o foco da obra inicial – onde procura evidenciar que a colônia não era receptora exclusiva do tráfico negreiro – para captar a influência negra na cultura lusitana, algo que, afirma, os portugueses tentam “esquecer”.

Para isso, amparado em minuciosa pesquisa histórica, Tinhorão esmiúça os rituais católicos desde os primórdios, e explicita a participação dos negros nas procissões de Corpus Christi pelo menos a partir dos anos 1600. Ele demonstra nesta obra que os escravos africanos participavam dessas procissões em Portugal ao lado de outras minorias étnico-religiosas – como judeus, mouros e ciganos –, presentes nas confrarias de trabalhadores dos variados ofícios, as quais eram obrigadas a participar do cortejo oficial.

Tinhorão relaciona a estrutura das antigas procissões à das escolas de samba brasileiras, que emergiriam com suas alas coloridas quase seis séculos mais tarde. Tais como estas, as extensas procissões católicas dividiam-se em blocos, naquele caso para comportar as apresentações dos diferentes ofícios de trabalhadores, suas bandeiras, suas coreografias.

Com tais características, embora lembrasse os desfiles aristocráticos de carros alegóricos italianos dos Quatrocentos e o Teatro de Rua da Confraria da Paixão parisiense do século 15, conta Tinhorão, a procissão portuguesa distinguia-se por sua nítida formação popular.

Nas palavras do autor, Festa de negro em devoção de branco comprova, enfim, que a diversidade étnico-cultural “pode conduzir a uma síntese original,quando as diferenças convergem para o que a história mostra como universal no homem: a vontade de viver a vida. Se possível como uma festa”.

Sobre o autor

José Ramos, conhecido pelo seu nome de autor, José Ramos Tinhorão, fez carreira no jornalismo (Diário Carioca, Jornal do Brasil, Correio da Manhã, O Jornal, Última Hora, Revista Senhor, O Pasquim), da qual migrou para a de pesquisador de música popular e de história literária no Brasil. Após estrear como autor em 1966 (com os livros Músicapopular – Um tema em debate e A província e o naturalismo), aprofundou sua pesquisa sobre a participação dos negros na música popular, publicando, em 1988, pela Editorial Caminho (Lisboa), Negros em Portugal. Festa de negro em devoção de branco é seu 28º título.

Dados Técnicos
Páginas: 160
Peso: 200g
ISBN: 9788539302383