Borges Oral & Sete Noites, livro de Jorge Luis Borges

Borges Oral & Sete Noites

Tradução de Heloisa Jahn

Em Borges oral (1979) e Sete noites (1980) se acham escritas palavras que brotaram da boca de um narrador cego, que falava como um sábio sibilino e irônico a auditórios do mundo todo. Sempre modesto, mas sem deixar de aludir a modelos gloriosos - Sócrates, Pitágoras, Cristo, Buda - e a outros mais próximos, como Macedonio Fernández, Borges (1899-1986) apresentava-se, na última etapa de sua vida, como um grande mestre da oralidade.

A princípio tímido e reservado, a ponto de se ocultar em meio à plateia e pedir a um amigo para ler a conferên... [Leia mais]
Descrição
Tradução de Heloisa Jahn

Em Borges oral (1979) e Sete noites (1980) se acham escritas palavras que brotaram da boca de um narrador cego, que falava como um sábio sibilino e irônico a auditórios do mundo todo. Sempre modesto, mas sem deixar de aludir a modelos gloriosos - Sócrates, Pitágoras, Cristo, Buda - e a outros mais próximos, como Macedonio Fernández, Borges (1899-1986) apresentava-se, na última etapa de sua vida, como um grande mestre da oralidade.

A princípio tímido e reservado, a ponto de se ocultar em meio à plateia e pedir a um amigo para ler a conferência que redigira, com os anos e a progressiva cegueira, o escritor argentino tornou-se um narrador oral, como se quisesse dissolver-se na tradição épica dos narradores anônimos. A tradição daqueles cuja arte havia procurado imitar na prosa de seus relatos, em parte derivados dos livros que aprendera a amar desde menino na biblioteca do pai, mas muitas vezes também inspirados pelas histórias de valentões de arrabalde nos arredores de sua casa no velho bairro de Palermo, numa Buenos Aires mítica do começo do século XX. Embora aparentemente abstratos e intelectuais, os temas de suas conferências são tratados num recorte concreto, a que servem exemplos precisos, sempre manipulados com perfeição pelo refinado contador de casos, que não perde uma deixa para uma frase de humor e se orienta em meio às dificuldades do assunto pela força da memória e da imaginação. Por isso mesmo, num dos textos mais bonitos reunidos neste volume, entre tantas reflexões pessoais sobre motivos enciclopédicos, é o livro que se destaca como o instrumento mais assombroso inventado pelo homem.

Sobre o autor

Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo nasceu em Buenos Aires, em 24 de agosto de 1899, e faleceu em Genebra, em 14 de junho de 1986. Antes de falar espanhol, aprendeu com a avó paterna a língua inglesa, idioma em que fez suas primeiras leituras. Em 1914 foi com a família para a Suíça, onde completou os estudos secundários. Em 1919, nova mudança - agora para a Espanha. Lá, ligou-se ao movimento de vanguarda literária do ultraísmo. De volta à Argentina, publicou três livros de poesia na década de 1920 e, a partir da década seguinte, os contos que lhe dariam fama universal, quase sempre na revista Sur, que também editaria seus livros de ficção. Funcionário da Biblioteca Municipal Miguel Cané a partir de 1937, dela foi afastado em 1946 por Perón. Em 1955 seria nomeado diretor da Biblioteca Nacional. Em 1956, quando passou a lecionar literatura inglesa e americana na Universidade de Buenos Aires, os oftalmologistas já o tinham proibido de ler e escrever. Era a cegueira, que se instalava como um lento crepúsculo. Seu imenso reconhecimento internacional começou em 1961, quando recebeu, junto com Samuel Beckett, o prêmio Formentor dos International Publishers - o primeiro de uma longa série.

Dados Técnicos
Peso: 323g
ISBN: 9788535918830