ENIGMA VAZIO, O - IMPASSES DA ARTE E DA CRÍTICA, livro de Affonso Romano de Sant

ENIGMA VAZIO, O - IMPASSES DA ARTE E DA CRÍTICA

editora: ROCCO
Refletir sobre a arte – particularmente a moderna e contemporânea dos séculos XX e XXI – pode se tornar um exercício tão complexo quanto os próprios objetos de análise – os artistas e suas obras. Um desafio ao qual até mesmo os críticos podem sucumbir, diante do verdadeiro mosaico de conceitos e opiniões que podem mais confundir que localizar os parâmetros do que é ou não arte e ser artista. Em O enigma vazio – Impasses da arte e da crítica, o poeta, ensaísta, cronista e professor Affonso Romano de Sant’Anna coloca essa crítica no divã, analisando e, em alguns momentos, desconstruindo seus ... [Leia mais]
Descrição
Refletir sobre a arte – particularmente a moderna e contemporânea dos séculos XX e XXI – pode se tornar um exercício tão complexo quanto os próprios objetos de análise – os artistas e suas obras. Um desafio ao qual até mesmo os críticos podem sucumbir, diante do verdadeiro mosaico de conceitos e opiniões que podem mais confundir que localizar os parâmetros do que é ou não arte e ser artista. Em O enigma vazio – Impasses da arte e da crítica, o poeta, ensaísta, cronista e professor Affonso Romano de Sant’Anna coloca essa crítica no divã, analisando e, em alguns momentos, desconstruindo seus discursos e argumentos ao apontar suas contradições e exageros.

Desta vez, o autor aprofunda ainda mais questões abordadas em Desconstruir Duchamp e A cegueira e o saber e passa a pente-fino famosas análises de quadros e pintores feitas por Octavio Paz, Jacques Derrida, Michel Foucault, Roland Barthes, Jean Clair, Heidegger, Mayer Shapiro e Frederic Jameson. Através da lingüística e da teoria do discurso, Affonso Romano de Sant’Anna analisa os principais sofismas em que se baseia a arte conceitual e propõe uma nova episteme para reavaliação da arte do século XX.

Ao fazer isso, o autor questiona também os limites da arte contemporânea, uma arte conceitual, que, dando primazia ao pensamento, à idéia e à linguagem, deslocou o enfoque da obra para a proposta da obra. Daí a importância de se analisar o discurso dos pensadores desta arte, de se fazer a crítica da crítica.

O autor destaca que, se na arte conceitual o discurso e a palavra tomaram na tela o lugar da tinta, a crítica de arte fez algo semelhante e inverso: transformou seu texto em um quase-gênero artístico, numa espécie de reflexo distorcido da obra analisada, no que foi batizado de action writing, uma forma de pintar com palavras seus devaneios conceituais. Nele, a obra de arte que iniciou a escrita é logo abandonada, num olhar narcisista e deslumbrado com as próprias idéias e construções. O texto criou uma deformação, uma alucinação, uma especulação, fascinante em si, mas muito distante da obra original.

Grandes nomes como Octavio Paz e Jean Clair deixaram a isenção e a objetividade serem afetadas pela possibilidade de, por exemplo, alçar as obras do francês Marcel Duchamp (1887-1968) a um patamar que talvez o próprio artista jamais tivesse tido intenção. Um dos precursores da arte conceitual, criador – se é que assim pode ser chamado – dos ready mades – objetos do cotidiano transportados para o campo das artes sem interferência do autor, Duchamp legou ao espectador a responsabilidade de pensar o que é arte e sua linguagem. Mesmo assim, sua obra Grande vidro ganhou uma interpretação místico-fantasiosa de Paz e ele foi comparado a Leonardo da Vinci por Jean Clair. Em vez de propor uma reflexão, tais críticas tornaram-se o que Sant’Anna chama de “crítica reflexa”, de “endosso” e de “celebração” .

Sant’Anna também contrapõe as diferentes falas de Jacques Derrida, Heidegger e Mayer Schapiro sobre uma mesma obra: Os sapatos, de Van Gogh. Também dá destaque às alucinações visuais e verbais de Roland Barthes a respeito do expressionista americano Cy Twombly. E, a partir destes discursos, Affonso Romano de Sant’Anna levanta uma questão: até onde a obra é uma criação do artista e a partir de quando passa a ser criação daqueles que pensam o criador e a criatura? E, se for assim, se grandes pensadores cometem equívocos, “o que dizer dos repetidores disseminados no sistema artístico desde que se oficializou que tudo é arte e todos são artistas e críticos?”, pergunta o autor.

O enigma vazio – Impasses da arte e da crítica aprofunda a análise do discurso produzido pela arte e pela crítica de nosso tempo recorrendo à lingüística, à filosofia, à retórica e à análise literária. Aos poucos, o autor procura desmontar os silogismos e sofismas repetidos durante anos por artistas e críticos. Também defende a leitura interdisciplinar – antropologia, sociologia, política, marketing, filosofia, lingüística – como a única capaz de enfrentar este enigma vazio que provocou tantas obras insignificantes e tantas alucinações críticas.

Dados Técnicos
Peso: 540g
ISBN: 9788532523679