Histórias de Paris, livro de Mario Benedetti

Histórias de Paris

Eric Nepomuceno*
É de se esperar que neste espaço se fale do livro. Pois vou falar é do autor, um homem modesto, de sorriso suave e olhar melancólico, como corresponde a um uruguaio de estirpe. Um homem cálido e bondoso, tímido e cordial. E que soube defender suas ideias com uma paixão que contradizia a amabilidade no trato com as coisas da vida e as pessoas do mundo. Um homem chamado Mario Benedetti. Quando cometeu sua única grande maldade – nos deixar para sempre – Mario estava com 88 anos. Tinha vivido de tudo, da infância de privações à militância que lhe custou um prolongado exíli... [Leia mais]
Descrição
Eric Nepomuceno*
É de se esperar que neste espaço se fale do livro. Pois vou falar é do autor, um homem modesto, de sorriso suave e olhar melancólico, como corresponde a um uruguaio de estirpe. Um homem cálido e bondoso, tímido e cordial. E que soube defender suas ideias com uma paixão que contradizia a amabilidade no trato com as coisas da vida e as pessoas do mundo. Um homem chamado Mario Benedetti. Quando cometeu sua única grande maldade – nos deixar para sempre – Mario estava com 88 anos. Tinha vivido de tudo, da infância de privações à militância que lhe custou um prolongado exílio. E havia escrito sem parar. Foram mais de 80 livros, ao longo de 63 anos.
Escreveu bons romances, contos formidáveis, ensaios, crítica literária, obras de teatro. E poesia. Foi e é um dos poetas mais lidos do idioma espanhol. Teve, entre seus muitos méritos de escritor, o de ter sido amado pelos jovens. Suas palavras foram roubadas por um sem fim de apaixonados, e ajudaram, gerações afora, a convencer amores esquivos. Os amigos se despediram dele com leves pinceladas que, unidas, compõem seu retrato mais certeiro. “Que será de nós sem sua bondade inexplicável?”, perguntou Eduardo Galeano. “Mario foi, acima de tudo, um homem bom”, confirmou outro poeta gigantesco, o argentino Juan Gelman. “Mario ocupava um lugar muito maior do que ele mesmo achava”, afirmou o português José Saramago. Esse foi o Mario que conheci num dia de inverno de 1973, em Buenos Aires, onde eu morava e ele chegou exilado. Esse foi o escritor que se mostrou em tudo que escreveu. Os contos deste livro são Mario em estado puro. Ler cada um é estar diante dele, escutar sua voz mansa e pausada, confirmar uma capacidade de ternura pelo ser humano que poucas vezes vi igual – e que hoje é artigo cada vez mais raro nesse mundo ressecado. Esse mundo no qual Mario faz tanta falta. Ler esses contos é como conversar com ele, ouvir Mário desfiando seu rosário de histórias num fim de tarde sereno de Montevidéu ou da vida.
*Eric Nepomuceno é jornalista, escritor e tradutor

Dados Técnicos
Páginas: 64
Peso: 181g
ISBN: 9788525053732