Blonde - Volume 2, livro de Joyce Carol Oates

Blonde - Volume 2

editora: GLOBO
assunto:
Tradução de Luiz Antônio Aguiar

Joyce Carol Oates estréia no Brasil com romance fascinante sobre a vida de um dos principais mitos do século XX. Romance sobre a vida de um dos ícones do cinema, Blonde desconstrói Marilyn Monroe e sugere que atriz foi garota ingênua e frágil.

O livro. Marilyn Monroe certamente está entre as figuras mais vistas e conhecidas do mundo. Seus olhos constantemente semi-cerrados, a boca carnuda tingida de vermelho e seu visual sempre glamoroso e sofisticado já estamparam revistas, coloriram peças de vestuário, viraram obra de arte nas mãos... [Leia mais]
Descrição
Tradução de Luiz Antônio Aguiar

Joyce Carol Oates estréia no Brasil com romance fascinante sobre a vida de um dos principais mitos do século XX. Romance sobre a vida de um dos ícones do cinema, Blonde desconstrói Marilyn Monroe e sugere que atriz foi garota ingênua e frágil.

O livro. Marilyn Monroe certamente está entre as figuras mais vistas e conhecidas do mundo. Seus olhos constantemente semi-cerrados, a boca carnuda tingida de vermelho e seu visual sempre glamoroso e sofisticado já estamparam revistas, coloriram peças de vestuário, viraram obra de arte nas mãos de Andy Warhol. Sua história conturbada, com final trágico, já foi dissecada e contada pelos mais diversos autores e veículos. Mas o que realmente pensava Norma Jeane Baker, a jovem que encarnou Monroe, sobre o papel público que mudou toda a sua trajetória de vida?

Unindo dados biográficos da atriz a um exercício de imaginação surpreendente, Joyce Carol Oates refaz os passos do mito: a infância sofrida ao lado da avó e da mãe debilitada, os dias de solidão no orfanato, o casamento quando ainda era adolescente, a descoberta da liberdade atrelada à guerra, o início da carreira no cinema e a podridão do meio artístico da época, a fama, a relação com os medicamentos para dormir, os relacionamentos com nomes importantes e as complicações decorrentes deles, até sua morte. No épico mais audacioso de sua carreira, Oates defende uma Norma Jeane deliciosamente ingênua, que exala sensualidade - muitas vezes sem se dar conta disso -, uma jovem de pele cremosa, olhos de cor azul cobalto e boca em formato provocante. Tudo condensado sob a forma de um romance fluido, rico em figuras poéticas, com passagens extremamente tocantes e de coerência assustadora, salpicado de possíveis reflexões de quem viveu no olho do furacão mítico que foi Marilyn Monroe. Para completar, um inusitado "depoimento póstumo" encerra o livro.

Trecho. "Durante três anos, Norma Jeane polidamente recusou as ofertas de Otto para posar nua. Yank, Peek, Swank, Sir! e algumas outras, e por muito mais dinheiro do que agora estaria recebendo do Ace Hollywood Calendars; uns miseráveis 50 dólares. (Otto receberia 900 dólares pelas fotos e ainda ficaria com os negativos, mas não precisava contar isso a Norma Jeane.) Ela não estava em dia com o aluguel, e agora que não estava mais alojada no Studio Club, morava num quarto mobiliado no lado oeste de Hollywood; e precisou comprar um carro de segunda mão para se locomover por L. A., e o carro fora retomado pela loja, por 50 dólares, bem naquela semana. A Agência Preene estava prestes a despedi-la porque o Estúdio a tinha despedido. Otto não chamava Norma Jeane havia meses, esperando que ela fosse atrás dele. Ora, por que diabos ele devia chamá-la? Não precisava dela. Garotas podiam ser encontradas à vontade no sul da Califórnia.

Então, numa dada manhã o telefone tocou no estúdio de Otto. Era Norma Jeane e o coração dele disparou com uma emoção que ele não podia definir muito bem: excitação, satisfação, vingança. A voz dela estava entrecortada e hesitante.

- Otto? A-alô! Aqui é N-norma Jeane. P-posso ir aí ver você? Você tem algum… trabalho para mim? Eu tinha a esperança que…

Otto respondeu, arrastando a voz:

- Baby, não tenho certeza. Vou ver por aí. L. A. está fervendo com uma fantástica nova safra de garotas este ano. Estou no meio de uma sessão de fotos, neste instante. Posso ligar mais tarde?

Ele desligou, com maldosa alegria, e, mais tarde, naquele dia mesmo, começou a se sentir culpado, e um estranho prazer nessa culpa, porque Norma Jeane era uma garota tão meiga, tão decente, com quem ganhou dinheiro, ela posando com tops, shorts, suéteres justas e maiôs, e então podia fazê-lo ganhar dinheiro posando nua, por que não?

Eu não era uma prostituta nem uma vagabunda. Além do mais, pretendia me preservar, não queria me tornar uma dessas. Mas acho que eu não poderia ser vendida de outra maneira. E eu vi que precisava ser vendida. Só assim eu seria desejada, e amada."

A crítica. nos anos 60, Oates foi duramente perseguida pela mídia, ao inserir em suas obras temas considerados tabus, como a violência e o universo masculino. A recriação de Marilyn Monroe também não fugiu à acidez da crítica, cuja razão é, segundo atribui a autora, o fato de estar escrevendo um título que não pode ser considerado inteiramente verídico. Entretanto, a obra agradou a muitos veículos de comunicação. Para Alexandra Zissu, colaboradora de publicações como The New York Observer e Harper's Bazaar, Blonde é um trabalho fascinante, onde Oates reduz o mito a uma garotinha frágil e desequilibrada, como sua mãe. Para Susan Tekulve, da revista especializada Book Magazine, a autora cria uma verdadeira tragédia americana, quando se liberta dos relatos jornalísticos sobre os fatos pesquisados acerca da carreira da atriz.

Dados Técnicos
Peso: 510g
ISBN: 9788525036346