Mulheres que foram à luta armada, livro de Luiz Maklouf Carvalho

Mulheres que foram à luta armada

editora: GLOBO
Resgata em livro-reportagem a luta das mulheres que optaram pelas armas em prol de um ideal e viveram o pesadelo da tortura na ditadura militar

O livro. Uma história feita de coragem. O livro Mulheres que foram à luta armada, do jornalista Luiz Maklouf Carvalho, vencedor do Prêmio Jabuti de Reportagem de 1999, traz em quase 500 páginas a história de mulheres militantes da esquerda revolucionária que lutaram contra o regime militar (1964-1984). Enfrentaram humilhações, dores, separações, medos e o horror da tortura nos porões da ditadura.

O autor percorre a real via-sa... [Leia mais]
Descrição
Resgata em livro-reportagem a luta das mulheres que optaram pelas armas em prol de um ideal e viveram o pesadelo da tortura na ditadura militar

O livro. Uma história feita de coragem. O livro Mulheres que foram à luta armada, do jornalista Luiz Maklouf Carvalho, vencedor do Prêmio Jabuti de Reportagem de 1999, traz em quase 500 páginas a história de mulheres militantes da esquerda revolucionária que lutaram contra o regime militar (1964-1984). Enfrentaram humilhações, dores, separações, medos e o horror da tortura nos porões da ditadura.

O autor percorre a real via-sacra dessas mulheres e lhes restitui o seu devido lugar na história. Editado pela primeira vez em 1998, a idéia do livro surgiu a partir de uma reportagem que Maklouf publicou em uma revista feminina em 1996. Jornalista investigativo, garimpou inquéritos e processos, na mídia e em bibiliografia especializada, fazendo um intenso trabalho de campo. O resultado dessa pesquisa está nas entrevistas reveladoras, e perturbadoras, quase em tom confessional, que compõem a obra.

O autor identificou cerca de 100 mulheres vivas envolvidas de fato na luta armada. Constam do livro quase a metade delas. A cada capítulo, Maklouf reconstrói personagens e histórias com precisão. Na linha de frente ou na retaguarda, essas mulheres colocaram em jogo a própria vida. Bem nascidas ou não, sonhavam com uma sociedade igualitária. Muitas abandonaram a família, estudo, filhos e levavam vida dupla, conjugando a militância clandestina com empregos estáveis.

Dados biográficos, nomes e codinomes, violências e medos, sonhos e ideais - além da constante e assustadora presença da morte - surgem nas longas conversas. "Foi a experiência mais visceral da vida de todas elas - as vivas e as mortas -, mulheres que em determinado momento derrubaram tabus, atingindo o que talvez tenha sido seu momento de maior liberdade", conta Maklouf.

O autor, direto e incisivo, revela sensibilidade ao interferir o mínimo possível durante as entrevistas. Aborda com delicadeza um ponto nevrálgico: o comportamento diante da tortura. "É o maior tabu entre tantos outros", explica ele, "seja pelas consequências físicas e psicológicas da brutalidade em si, seja pelo fato de que na maioria dos casos a tortura venceu e fez com que elas falassem". Ao derrubar a essência da condição humana e a tese de que revolucionário não dava informação, a tortura produziu traumas e sentimentos de culpa vividos durante anos num silêncio quase sagrado. Pela primeira vez, elas falam abertamente sobre o tema, exorcizando os seus fantasmas.

No meio da guerra, momentos de poesia. São reproduções de cartas de amor, documentos raros sobre a vida íntima na militância naqueles tempos negros, encontrados por Maklouf nos arquivos do Brasil Nunca Mais.

Histórias singulares de mulheres com as vidas conectadas umas às outras, entrelaçadas pela guerrilha. Ao longo de toda a narrativa, a presença de um fantasma, cuja história foi guardada a sete chaves durante décadas pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR): a morte acidental em 1968 de uma jovem simpatizante da guerrilha. O peso desse corpo - enterrado em algum lugar da Grande São Paulo - incomoda e inquieta o jornalista, entrevistadas e leitores. A obra é a ela dedicada pelo autor.

Dados Técnicos
Peso: 490g
ISBN: 9788525021335