A CHUVA IMÓVEL

Descrição

Permeado por um misticismo agnóstico e anárquico, o penúltimo romance de Campos de Carvalho, A chuva imóvel (1963), é seu momento mais poético e filosófico. Trata-se da história de André Medeiros e sua irmão gêmea, Andréa, que nutrem um amor que beira o incesto. Após as mortes do irmão e do pai, André traça uma claustrofóbica descida até seu inferno interior, no qual acaba por travar uma batalha com o Diabo – ou, nas suas palavras, “ a Coisa”. O humor nonsense de A lua vem da Ásia (1956), sua primeira obra-prima, que se manteve de forma mais sombria no romance seguinte, Vaca de nariz sutil (1961), assume em A chuva imóvel uma forma ainda mais densa e lúgubre, porém sem nunca deixar de transparecer o estilo marcante do autor.

Sobre o autor

Walter Campos de Carvalho nasceu em 1º de novembro de 1916, em Uberaba, Minas Gerais. Em 1938 formou-se em direito, aposentando-se como procurador do estado de São Paulo. Sua vida sempre esteve ligada à literatura, tendo publicado inicialmente Banda forra (ensaios humorísticos), em 1941, e Tribo (romance), em 1954, posteriormente renegados pelo autor. Mais tarde escreveu os romances A lua vem da Ásia (1956), Vaca de nariz sutil (1961), A chuva imóvel (1963) e O púcaro búlgaro (1964) – lançados pela José Olympio na Obra reunida e que agora estão sendo também publicados em volumes separados. Campos de Carvalho, como ficou conhecido no meio literário, colaborou com O Pasquim e com O Estado de S. Paulo de 1968 a 1978. Nada religioso, curiosamente morreu numa Sexta-feira Santa, em 1998, após tomar um sorvete, passeando pelas ruas de São Paulo. Apenas quatro pessoas compareceram ao enterro. Porém, desafiando, como sempre, a lógica, neste intervalo de dez anos seus livros vêm conquistando cada vez mais leitores e admiradores, além de servirem de inspiração para diversos estudos e teses acadêmicas. Do autor, a José Olympio publica ainda, pela coleção Sabor Literário, Cartas de viagem e outras crônicas.