A morte difícil. Seguido de o espírito contra a razão, se a morte fosse apenas uma palavra, além da resposta do autor à enquete sobre o suicídio publicada na revista La Révolution Surréaliste, livro de René Crevel

A morte difícil. Seguido de o espírito contra a razão, se a morte fosse apenas uma palavra, além da resposta do autor à enquete sobre o suicídio publicada na revista La Révolution Surréaliste

editora: 100/CABEÇAS

René Crevel aterrissa com textos inéditos. Em “A Morte Difícil – seguido de O Espírito Contra a Razão, Se a Morte Fosse Apenas Uma Palavra, além da resposta do autor à Enquete sobre o suicídio publicada na revista La Révolution Surréaliste”, da editora 100/cabeças, são apresentados aspectos da literatura-suicida no “dono e senhor de olhos fechados” do navio em plena tempestade, como André Breton o retratou.


O romance A Morte Difícil é o protagonista dessa seleção. Nesse, o autor, que esteve entre as testemunhas de surrealismo absoluto no Primeiro Manifesto (192... [Leia mais]

Descrição

René Crevel aterrissa com textos inéditos. Em “A Morte Difícil – seguido de O Espírito Contra a Razão, Se a Morte Fosse Apenas Uma Palavra, além da resposta do autor à Enquete sobre o suicídio publicada na revista La Révolution Surréaliste”, da editora 100/cabeças, são apresentados aspectos da literatura-suicida no “dono e senhor de olhos fechados” do navio em plena tempestade, como André Breton o retratou.


O romance A Morte Difícil é o protagonista dessa seleção. Nesse, o autor, que esteve entre as testemunhas de surrealismo absoluto no Primeiro Manifesto (1924), escreve uma das obras mais ousadas de seu tempo, “marcada por uma progressiva expansão dos limites do jogo narrativo, com a dissolução de elementos como o enredo e o avanço na direção de uma prosa reflexiva”, conforme o ensaio-posfácio “O primeiro sonho de arco-íris: entre corpo e desejo – a palavra”, assinado por Marcus Rogério Salgado. O crítico-professor lança luz a esse romance que costura variadas relações entre os personagens, relações encobertas na sociedade burguesa parisiense da década de 20, ou os “anos loucos”, em ambiente de controle dissimulado, de (homos)sexualidade reprimida, da farsa moral estabelecida logo nas primeiras páginas entre duas madames submersas em ilusões lamentosas. Um romance vibrante, que persiste nas centelhas de angústia pungentes do autor, com estrutura de montagens dinâmicas e oscilações no foco, “que vai de um distanciamento objetual do narrador em terceira pessoa a passagens de fluxo de consciência”.


A segunda parte apresenta dois ensaios poéticos, um poema em prosa e a resposta de Crevel à enquete sobre o suicídio realizada no cerne do movimento surrealista. São testemunhos de toda uma obra de rebelião contra a sociedade burguesa e literatura em forma onírica, que garantiu ao autor o desígnio como “o grande teórico do sonho” por Sarane Alexandrian (Le surréalisme et le rêve). “Na grande aventura que é toda luta do espírito pelo espírito, o ser, se quer se tornar digno da liberdade”, escreve no ensaio O Espírito Contra a Razão (1927), atiçado a partir da faísca de outra enquete dos surrealistas (“Por que você escreve?”, revista Littérature, 1919),  onde “teve início a luta do Espírito contra a Razão a que Dada, a escrita automática e o Surrealismo se lançaram”.


Nesta edição, resgata-se a afirmação da escritora Anne Le Brun, de que reeditar René Crevel é ato de “justiça e salubridade”, pois traz a público um autor que encarou por toda sua a vida a morte como “se fosse apenas uma palavra”. Alguém que teve coragem em desafiar os tabus do espírito e do suicídio, quem se pergunta “de que vale proteger meus dias da morte?”. Afinal, viu na morte a beleza trágica e inescapável. Não só recusou viver ignorando suas angústias, como as impregnou em sua escrita o que aprendeu com outros surrealistas: a fusão inseparável da vida com a poesia. Ao final, para leitores e leitoras, um convite como “o pavão que anuncia o arco-íris”. A porta está aberta.



Dados Técnicos
Páginas: 192
Peso: 302g
ISBN: 9786581305000