Descrição
Otto foi visto pela última vez nos funerais de Marta, sua mulher, e de Paula e Gaspar, seus dois
gêmeos, de nove anos, mortos quando o DC-10 de uma companhia doméstica dos EUA perdeu
uma turbina no ar, instantes antes de pousar no aeroporto internacional de Chicago, em 1979. A
partir desse fato, o cineasta Jorge Bouquet escreveu o instigante romance de suspense “A Jaula
de Vidro”.
Otto encontrava-se no terraço do aeroporto e viu quando o avião inclinou-se abruptamente para a
direita, desabando em queda livre sobre a pista. Depois do trágico acidente, Otto desaparece. Rico
e bom velejador, sai pelo mar afora sem deixar pistas. Mas outros estranhos fatos ocorrem na
ausência de Otto. Afinal, seu irmão quer ou não que ele reapareça? O que estaria por trás de seu
súbito sumiço? Otto está morto? Com este enredo de suspense, o autor sai à deriva pelo mundo
como um Robinson Crusoé contemporâneo, ao mesmo tempo em que questiona determinados
valores do mundo contemporâneo. O livro vai agradar, ainda, aos leitores apaixonados por veleiros
e outras aventuras no mar.
Sobre o autor
Carioca,
Jorge Bouquet nasceu na metade do século XX. É jornalista e cineasta. Foi repórter dos
jornais Última Hora e Folha de São Paulo, cobriu, para este último, as lutas que opuseram os
estudantes e a ditadura militar no fim dos anos 60. Cineasta, realizou documentários, curtasmetragens, e programas de TV no Brasil, Europa e Oriente Médio. Filmou a Revolução dos Cravos,
em Portugal e, em 1980, esteve no front dos combates entre palestinos e israelenses.
Apresentação/orelha
Por Izaías Almada
“Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos
os sonhos do mundo”. Os versos iniciais de um dos mais conhecidos poemas de Fernando
Pessoa, sob o heterônimo Álvaro de Campos, bem poderia servir de epígrafe ao romance de
estréia de Jorge Bouquet.
Em “A Jaula de Vidro”, o protagonista Otto, na ânsia de abafar dentro de si a dor de uma tragédia
familiar, sai à deriva pelo mundo. Para trás ficam os bens materiais, o trabalho, os amigos, pai e
irmão e, mais do que isso, a dolorosa lembrança de uma família que construíra com muito amor e
que nunca mais veria, desaparecida num fatídico desastre aéreo. Essa circunstância muda a vida
de Otto que, até então, talvez se julgasse um deus.
Bouquet usa o acontecimento para defender a sua tese do homem que se divide entre Deus e o
Nada, pois a solidão – que para muitos pode ser o prenúncio de um encontro com Deus – para
Otto/Bouquet é o vazio existencial. Otto navega com e dentro da sua própria solidão, procurando
dar novo sentido à sua vida, oferecendo-nos o autor, nesse périplo, a versão de um Robinson
Crusoé contemporâneo, ao mesmo tempo em que questiona determinados valores do mundo
globalizado.
Atento às peripécias necessárias a um romance de aventuras, Bouquet dá vazão aos seus
conhecimentos náuticos, remetendo-nos, por vezes, aos emocionantes relatos de um navegador
como Amyr Klink e, porque não dizer, sem exageros encomiásticos, a ligeiras lembranças de O
Velho e o Mar, de Hemingway, se não pelo estilo, mas por nos lembrar de alguém que procura se
comportar dignamente diante da derrota. Sob a aparente ligeireza da narrativa, “A Jaula de Vidro”
esconde uma inquietação metafísica e uma nova tentativa de se perscrutar aquilo que
convencionamos chamar de alma humana.
* escritor e dramaturgo, autor da peça “Lembrar é resistir” e ganhador dos prêmios Vladimir Herzog
(1995), APCA de revelação literária (1989) e Leão de Ouro, em Cannes (1984).
Dados Técnicos
Peso: 350g
ISBN: 8598233188