O discurso e a cidade, livro de Antonio Candido

O discurso e a cidade

Os ensaios deste livro se agrupam em três partes, na primeira das quais são analisados quatro ro­man­cistas preocupados em construir a impressão de verdade por meio de narrativas aderentes ao real, com uma fidelidade aos dados externos que as faz parecerem documentários. São eles: um realista espontâneo, Manuel Antonio de Almeida (Memórias de um sargento de milícias) e três naturalistas estudados com intuito comparativo: Émile Zola (L’Assom­moir), Giovanni Verga (I Malavoglia) e Aluísio ­Azevedo (O cortiço).

A segunda parte descreve criticamente um poema de Caváfis (Esperando... [Leia mais]
Descrição
Os ensaios deste livro se agrupam em três partes, na primeira das quais são analisados quatro ro­man­cistas preocupados em construir a impressão de verdade por meio de narrativas aderentes ao real, com uma fidelidade aos dados externos que as faz parecerem documentários. São eles: um realista espontâneo, Manuel Antonio de Almeida (Memórias de um sargento de milícias) e três naturalistas estudados com intuito comparativo: Émile Zola (L’Assom­moir), Giovanni Verga (I Malavoglia) e Aluísio ­Azevedo (O cortiço).

A segunda parte descreve criticamente um poema de Caváfis (Esperando os bárbaros), uma narrativa curta de Kafka (A construção da muralha da China) e dois romances: O deserto dos tártaros, de Dino Buzzatti e O litoral das Sirtes, de Julien Gracq. Ao contrário dos textos abordados na primeira parte, estes se afastam do realismo e constroem a sua verdade numa moldura irreal, propondo mundos alternativos. E enquanto os da primeira parte são, de um modo ou de outro, miradas críticas sobre sociedades existentes, os da segunda mostram lugares imaginá­rios, marcados pela premonição de catástrofes, sentimento freqüente na literatura do nosso tempo. Postas lado a lado, essas duas partes procuram suge­rir que na literatura a verdade se constitui tanto pela representação do real quanto pelas fugas da fantasia. Daí o autor sugerir o que denomina “crítica de vertentes”, capaz de se ajustar à natureza variada dos textos.

A terceira parte aborda quatro poemas brasileiros, do século XVIII ao século XX, três dos quais praticamente ignorados pela crítica. Embora desligados um do outro (ao contrário dos textos da primeira e da segunda parte), eles têm um traço em comum: divergem das correntes dominantes no seu momento como verdadeiros poemas “do contra”. São: uma epístola em prosa e verso de Sousa Caldas; um soneto absurdo de Bernardo Guimarães; um soneto sádico de Fontoura Xavier e um poema discrepante de Mário de Andrade. Neste livro estão presentes algumas das preo­cupações do autor, como a estruturação da obra a partir da correlação transformadora entre os estímulos externos e a montagem específica do texto; a rela­ção entre mimese e fantasia; o papel dos desvios da norma nas correntes literárias.

Além deste livro, Antonio Candido publicou no mesmo ano de 1993 Recortes. Nessa década participou, entre outras atividades culturais, do Conselho Editorial da Fundação Perseu Abramo, para a qual organizou em 1997 um seminário de que resultou o volume coletivo Sérgio Buarque de Holanda e o Brasil, publicado em 1998. Do mesmo historiador e crítico, organizou o volume de inéditos Capítulos de literatura colonial (1991). No exterior foram publicadas seleções de ensaios seus, organizadas por terceiros: Critica Radical (Venezuela, 1991), On Lite­rature and Society (Estados Unidos, 1995), L’Endroit et l’Envers, França, 1995), Estruendo y Liberación (Mé­xico, 2000). Organizada por ele próprio foi: Ensayos y Comentarios (Campinas-México, 1995). De sua autoria saíram ainda: Lembrando Florestan Fernandes em 1996 e Ini­ciação à lite­ratura brasileira em 1997.

Dados Técnicos
Peso: 310g
ISBN: 8588777354