A desumanização, livro de valter hugo mãe

A desumanização

editora: COSACNAIFY
Quarto romance do aclamado escritor português a ser lançado pela Cosac Naify, A desumanização se passa na paisagem inóspita dos fiordes islandeses. Narrado por uma menina de 11 anos que nos conta, de maneira muito especial, o que lhe resta depois da morte da irmã gêmea, o livro é feito de delicada melancolia e extrema beleza plástica.

“Mais tarde, também eu arrancarei o coração do peito para o secar como um trapo e usar limpando apenas as coisas mais estúpidas. [...] O meu coração sem visitas perderá a memória e, quando nos separarmos de vez, certamente será mais feliz.”
[Leia mais]
Descrição
Quarto romance do aclamado escritor português a ser lançado pela Cosac Naify, A desumanização se passa na paisagem inóspita dos fiordes islandeses. Narrado por uma menina de 11 anos que nos conta, de maneira muito especial, o que lhe resta depois da morte da irmã gêmea, o livro é feito de delicada melancolia e extrema beleza plástica.

“Mais tarde, também eu arrancarei o coração do peito para o secar como um trapo e usar limpando apenas as coisas mais estúpidas. [...] O meu coração sem visitas perderá a memória e, quando nos separarmos de vez, certamente será mais feliz.”

Bem que eu gostaria de ir arrancando de A desumanização pedaços, colocando-os à sua frente. Bastaria para fasciná-lo. Cada palavra, cada linha que se tira deste livro é um sangramento. É prosaico dizer que esta é a história de Halla, traumatizada pela morte de sua irmã gêmea Sigridur, o que a leva a uma perplexidade, e ao mesmo tempo intensa lucidez sobre o mundo, as coisas da vida, os desencontros, o sexo, o amor/ódio pelo pai e pela mãe, dentro da paisagem inóspita, desolada, avassaladora das montanhas, charnecas, vulcões, fiordes, geleiras da Islândia. “Porque, sem a Sigridur, tudo perdera o conteúdo. Estava oco. Como se ela fosse o dentro de tudo.” Ao ler, senti o mesmo abalo e convulsão de quando aos vinte anos descobri William Faulkner em O Som e a Fúria, livro que me deixou atônito.

Parte do romance de Faulkner é narrado do ponto de vista de um menino deficiente mental que percebe imagens distorcidas (mas a realidade não é sempre distorcida?), de luzes cambiantes de frases aparentemente sem sentido, mas que dão o sentido total do livro. Reencontro em Valter Hugo Mãe (agora podemos escrever em maiúsculas) aquele clima de verdadeira literatura, nada fácil, mas empolgante, que me agarra como um gancho de toneladas e me conduz, empurra. Percebi desde a primeira página que entrara no livro petrificado com a beleza da linguagem e com a forma com que a narradora, a jovem Halla, nos conduz. A emoção e a beleza petrificam e nos fazem refletir sobre nós e nossas vidas. Valter Hugo compôs uma pequena sinfonia, um poema épico com o prosaico. Porque a personagem estava viciada na descoberta de cada dia. Frases simples, cortantes, que nos fazem parar e pensar. “Não sentia o lado de lá dos gestos”,diz Halla e nos obriga a recorrer a toda filosofia existente no mundo. “Talvez a morte seja só uma maneira de simplificar a alma.” - Ignácio de Loyola Brandão

“Em A Desumanização — que é, provavelmente, o melhor romance de Valter Hugo Mãe —, a linguagem, a maior virtude do livro, é cuidada e alegórica, onírica e consistente, sem se deixar cair em exageros desnecessários que, do ponto de vista estético, poderiam estragar o conjunto.” - José Riço Direitinho – Jornal Público, Portugal

"A leitura provoca um turbilhão, uma vertigem de imagens pelas quais o leitor fica possuído. Inquietante, tenso e ao mesmo tempo ingênuo e puro.” - Ney Matogrosso

Dados Técnicos
Páginas: 224
Peso: 300g
ISBN: 9788540506541