Descrição
Tradução: Maria Lucia Machado
Para discutir o atual momento da filosofia e sua popularidade, Sebastién Charles coloca diante do
leitor os movimentos e reflexões de André Comte-Sponville, Marcel Conche, Luc Ferry, Gilles
Lipovetsky, Michel Onfray e Clément Rosset. Por meio de entrevistas e textos que procuram
introduzir e localizar o leitor no universo particular de seus pensamentos, o filósofo francês
radicado no Canadá, mostra os diferentes caminhos que cada um desses autores trilha neste
campo do pensar.
Questões como a recusa clara de qualquer carga dogmática e a grande atenção dada à vida e
suas peculiaridades permeiam toda a obra. O debate estabelecido entre os autores mostra como é
possível refletir de maneiras diversas o viver e o pensar em nosso tempo. Embora cada um desses
filósofos aborde boa parte das questões de maneira diferente, e sejam herdeiros das mais
diversas tradições filosóficas, é clara a concordância em ao menos um ponto: é a vida o objeto
mais digno de reflexão.
A fragmentação da vida na sociedade de consumo, as crises do novo século e os problemas que
acompanham o progresso de diversas áreas trouxeram a filosofia novamente à cena, agora com
nova roupagem. Em lugar da linguagem escolar e hermética de algumas correntes do passado, o
que se busca agora é expor os pensamentos de maneira mais clara o possível, para que as
reflexões atinjam um maior número de pessoas. O fenômeno da popularidade da filosofia está
abrindo um novo patamar de debate entre autores e pensadores. E é justamente com alguns dos
responsáveis por tal popularidade que Sebastién Charles constrói sua obra. É Possível Viver o
Que Eles Pensam? convida os leitores brasileiros a uma agradável leitura que acompanha de perto
os grandes debates filosóficos do nosso tempo e suas conseqüências no cotidiano.
Prólogo
“Quais filósofos, para amanhã? Estranha pergunta, quando antes se teria esperado outra
interrogação: qual filosofia, para amanhã? Mas é que a hora dos sistemas de filosofia passou, e
hoje nenhuma corrente dominante ocupa a frente da cena. A fenomenologia, o estruturalismo ou o
existencialismo, que marcaram o século XX, ainda encontram leitores nas universidades, mas não
muito além delas. Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial era muito diferente. É
difícil imaginar, em nossos dias, o lugar que essas filosofias ocupavam então, concebidas, como
foram, como a ferramenta que permitia pensar o real e transformá-lo. Nada de praxis sem theoria.
As coisas já não são bem assim, para nós. Como todos os grandes discursos dos anos 1960 e
1970, o discurso filosófico foi apanhado pela dessacralização das autoridades e o estabelecimento
de uma sociedade de consumo de massa animada por uma dinâmica própria, freqüentemente
mais preocupada com objetos materiais a ser adquiridos que com discursos intelectuais a ser
conquistados. Mas, se a filosofia já não faz escola, nem por isso a filosofia desaparece. Em uma
sociedade cada vez mais dominada pela lógica individualista, a filosofia, ela também, privatizou-se.
Face a um sentimento de perda de referências que se acentua, a filosofia continua a ser um ponto
de ancoragem para muitos contemporâneos que desejam viver mais e melhor e que sabem que o
mundo dos objetos não lhes basta. Isso, em troca, explica o sucesso de alguns filósofos, os
mesmos aos quais dou a palavra, aqui. A obra que se vai ler foi publicada primeiro no Quebec, em
1999, sob o título Une fin de siècle philosophique (Um fim de século filosófico). Foi depois
reeditada em Paris, edição de Livre de poche, em 2003. A tradução brasileira incorpora algumas
modificações, feitas para dar conta da inflexão do pensamento dos diferentes autores nestes
últimos anos. Nesse volume, foi incluída uma entrevista original de André Comte-Sponville, que
substitui a publicada na primeira edição, muito centrada na questão da vulgarização em filosofia, e
uma bibliografia atualizada. São, portanto, modificações importantes e, ao reler o texto integral, tive
a impressão de que se trata de um livro diferente. Que essa edição tenha vida nova no Brasil; e
que ela leve novos leitores brasileiros a descobrir filósofos franceses que me parecem essenciais à
compreensão de nosso tempo.”
Sobre o autor
Francês de Gérardmer – cidade em que nasceu em 1971 –, o filósofo Sébastien Charles vive
atualmente no Quebec, Canadá, onde leciona na universidade de Sherbrooke. Entre seus livros
estão “La matière et l’espirit” e “Scepticisme et Lumières”, ambos de 2005, e “Os tempos
hipermodernos”, que lançou com Gilles Lippovetsky em 2004, tendo sido publicado no mesmo ano
pela editora Barcarolla.
Dados Técnicos
Peso: 310g
ISBN: 8598233323