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Guia de Leitura

Romances brasileiros do século XX que tratam do garimpo

28 agosto, 2015 | Por Isabela Gaglianone

Um dos temas desenvolvidos nos romances brasileiros assim chamados regionalistas, escritos, sobretudo, a partir da segunda fase do modernismo, foi o garimpo. Prática socialmente deplorável, mas rica enquanto base para o pensamento literário, que a extrapola e a toma em seu contexto geral, iluminando ângulos pelos quais mostra como ela colocou as pessoas a seu redor em situações-limite.

Entre a riqueza em estado bruto, estabeleceu-se a miséria assegurada pela exploração e seus capangas. Desenvolvido em regiões de natureza árdua, habitadas por pessoas e relações que refletiam a dureza exterior, o garimpo gerou metáforas encarnadas: naturezas humanas ávidas.

 

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Herberto Sales, “Cascalho”

Cascalho, de Herberto Sales, foi publicado pela primeira vez há setenta anos, em 1944. Foi o primeiro romance – escrito aos seus 27 anos de idade – do escritor que, em 1977, seria eleito para ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.

Centrado do tema da mineração diamantífera na região da Chapada Diamantina, mostra a vida nos garimpos e suas regras próprias: o coronelismo, a capangagem, a árdua exploração. Herberto Sales explora as implicações sociais, econômicas e morais, bem como as particularidades geográficas da então situação garimpeira baiana.

Um romance sociológico e político. Expõe as relações de poder e a exploração e submissão do homem do garimpo pelo coronelismo, apresentando personagens arquetípicos daquele contexto, como os capangas ou as “mulheres-damas”. Também ilustra o papel do Rio Paraguaçu, a contingência da vida à mercê da força de suas águas, construindo uma identidade do homem do garimpo.

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Literatura

Brusca e bruta busca

14 novembro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

estudo para painel, de Martha Loutsch, 1941

Banana Brava, de José Mauro de Vasconcelos, foi publicado em 1942. Foi o romance de estréia do escritor que viria a se tornar célebre por romances como Meu pé de laranja lima ou Rosinha, minha canoa. Uma obra que reflete um mundo ganancioso e impiedoso, a terra da “banana brava”, aquela que jamais frutifica.

O romance foi escrito baseado na vivência do autor entre índios carajás e garimpeiros. Pois José Mauro acompanhou os irmãos Villas-Boas na exploração da região do Araguaia, uma experiência extremamente marcante em sua produção literária. Banana Brava é o primeiro de seus textos a apresentar essa influência.

Na apresentação do livro, ele adverte que a linguagem de seus personagens é rústica e brutal, pois é a própria representação daquela “vida que pretende copiar” sem suavizar, uma vida esfacelada, minada pelo trabalho do garimpo no sertão goiano.

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