Arquivo da tag: crítica literária

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Joyce

16 junho, 2016 | Por Isabela Gaglianone

desenho de Brancusi

Hoje, dia 16 de junho, é o famoso Bloomsday, celebrado ao redor de todo o mundo por amantes de James Joyce. É neste dia, em 1904, que o protagonista de seu célebre Ulysses, Leopold Bloom, perambula por Dublin, ao longo das mais de 1.000 páginas da obra.

Em Sim, eu digo sim – Uma visita guiada ao Ulysses de James Joyce, Caetano Waldrigues Galindo, premiado pela tradução de Ulysses [Companhia das Letras, 2012] e profundo conhecedor da obra do autor irlandês, acompanha os meandros dos passos dados por Bloom, Stephen e Molly naquele 16 de junho. Galindo ao mesmo tempo analisa a própria natureza do romance e de alguns dos principais assuntos que o povoam. Sua leitura, erudita e surpreendente, é um guia de leitura agradável e profícuo. E que abre muitas portas inusitadas; Continue lendo

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O Brasil não é longe daqui

19 outubro, 2015 | Por Isabela Gaglianone
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Debret

Publicado em 1990 pela Companhia das Letras, o interessante estudo de Flora Süssekind, O Brasil não é longe daqui – O narrador, a viagem, alia análise histórica a um olhar atento ao lirismo de seu material: por entre charadas, textos de divulgação científica, estampas de plantas e animais, pequenas biografias e casos curiosos, Süssekind trata do narrador de ficção na literatura brasileira, o qual surpreende em pleno movimento, ao longo do processo histórico de sua formação, desde os relatos de viagens – fundamentais para a criação de um imaginário paisagístico do Brasil –, mediados pela figura de um narrador-viajante que, mutante – ora cartógrafo, ora historiador, ora cronista –, daria as cartas na nossa prosa de ficção romântica.

A análise de Süssekind primeiro investiga e data “a constituição de um narrador de ficção na prosa brasileira”. Ao mesmo tempo, partindo de “uma questão específica no campo da historiografia literária”, analisa a noção do “começo histórico, da ‘origem’ entendida como processo de emergência e singularização, em meio a escolhas, repetições e diferenciações, figurações e recomposições diversas”. Assim, delimitando a caracterização que tanto constitui, quanto origina o narrador de ficção, a autora acompanha o narrador-viajante desde seu surgimento, nas décadas de 1830 e 1840, na prosa ficcional brasileira.  Continue lendo

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Assunto encerrado?

30 junho, 2015 | Por Isabela Gaglianone

“Escrever não consiste mais em narrar, mas em dizer que se narra, e aquilo que se diz se identifica com o próprio ato de dizer: a pessoa psicológica é substituída por uma pessoa linguística ou até gramatical, definida apenas por sua posição no discurso”.

Il Vangelo Secondo Matteo, Pasolini

Além de escritor de algumas das mais interessantes prosas fantásticas da história da literatura, desenvolvidas nas pequenas fendas das possibilidades do incontornável, Italo Calvino é também conhecido como um dos ensaístas mais brilhantes do século XX, profícuo crítico literário e crítico da cultura. Em Assunto encerrado – Discursos sobre literatura e sociedade, publicado originalmente em 1980, o italiano reuniu parte de sua crítica que ele mesmo julgava a mais representativa de seu percurso intelectual.

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Rapsódia musical literária

12 junho, 2015 | Por Isabela Gaglianone

“Sou um tupi tangendo um alaúde!” – Mário de Andrade, “O trovador”, Paulicéia desvairada (1922).

mário

Faltando menos de um mês para a homenagem a Mário de Andrade pela FLIP, uma de suas grandes comentadoras ainda não foi mencionada. Gilda de Mello e Souza, em O tupi e o alaúde, tece uma belíssima interpretação de Macunaíma. O livro, publicado originalmente em 1979, interveio como uma resposta crítica a Morfologia do Macunaíma [Perspectiva, 1973], de Haroldo de Campos. Gilda faz uma análise poderosa e original, tece uma crítica aberta ao diálogo, marcada pela articulação criativa entre pesquisas teóricas e profundidade interpretativa.

O ensaio tem três movimentos, parte da analogia entre a estrutura de Macunaíma e formas musicais, realiza uma defesa da ambiguidade e das fraturas da narrativa, para, apoiado em Bakhtin, inscrever a rapsódia brasileira na linhagem dos romances de cavalaria.  Continue lendo

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Crítica, história e literatura

22 abril, 2015 | Por Isabela Gaglianone
gravura de Evandro Carlos Jardim

gravura de Evandro Carlos Jardim

Em Dois letrados e o Brasil nação – A obra crítica de Oliveira Lima e Sérgio Buarque de Holanda, Antonio Arnoni Prado desenvolve uma interessante contraposição entre as trajetórias dos críticos e historiadores Manuel de Oliveira Lima (1867-1928) e Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982).

O livro, cuja publicação havia sido anunciada alguns anos atrás, acaba de ser lançado pela Editora 34. Nele, Arnoni Prado, para analisar os momentos e processos fundamentais na formação e consolidação da crítica literária brasileira, examina as vertentes lógicas mais atuantes na dinâmica cultural do Brasil: de um lado, arranjos retóricos conservadores, de outro, os movimentos críticos libertários.

Para a composição da reflexão que encaminha o livro, o autor imergiu na vida e na obra dos dois autores, acompanhando seus percursos intelectuais. Continue lendo

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Crítica Literária

A semântica de 1848

10 setembro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Fazem dez anos da publicação brasileira do livro Terrenos vulcânicos, de Dolf Oehler. O livro reúne alguns textos, dentre a vasta produção do autor, escritos produzidos ao longo dos anos 1970 e 1980, selecionados neste volume por sugestão do crítico Roberto Schwarz, a quem o livro é dedicado. Os textos versam sobre as artes francesas na primeira metade do século XIX, comentam autores como Heine, Baudelaire e Flaubert e artistas como Daumier investigando suas lúcidas análises da modernidade então nascente. Sob a luz do aparato teórico de Marx, de um lado, Freud, de outro, rebatendo críticas como as de Brecht e Sartre, Oehler mostra como as aspirações revolucionárias de 1848, bem como seu fracasso, foram mimetizadas nas obras literárias dos autores analisados por meio da correspondência entre substrato social e estrutura psíquica das personagens.

Os ensaios foram traduzidos José Bento Ferreira, Luís Repa, Márcio Suzuki e Samuel Titan Jr.

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Literatura

Há uma pessoa que faz uma coleção de areia

10 junho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

A Companhia das Letras está fazendo uma baita promoção, somente até dia 15 de junho: são 300 títulos com 50% de desconto. A lista completa dos livros pode ser conferida no site da editora.

Italo Calvino

Entre eles, Coleção de areia, de Italo Calvino. Trata-se de uma coletânea de textos esparsos, sobre os mais variados assuntos. Aqui, o escritor desiste deliberadamente de buscar uma síntese qualquer ou traçar um esboço de trajetória. Lançado originalmente em 1984, é considerado uma deriva contínua por temas e formas que sempre obcecaram o autor. Em textos breves, o livro apreende a periferia do olhar: a exposição aparentemente anódina, o fato bizarro, a galeria de monstruosidades, o efêmero. Segundo o autor, o livro é um inventário de “coisas vistas”, sobre o visível, sobre o próprio ato de ver e sobre “o ver da imaginação”. Os textos se acumulam segundo o puro arbítrio, como diário em público e autobiografia tímida, sendo a expressão mais acabada da amplitude de perspectivas, da discrição e da curiosidade onívora do escritor.

“… coleção de areia era a menos chamativa mas também a mais misteriosa, a que parecia ter mais coisas a dizer, mesmo através do vidro opaco das ampolas”.     

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Crítica Literária

A antropofagia contra o arcabouço recalcado

13 fevereiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Em Oswald canibal Benedito Nunes apresenta o caráter específico da antropofagia oswaldiana como conceito de desmistificação da história escrita e de crítica à sociedade patriarcal a que deram origem os cânones da história; Benedito mostra como Oswald antecipou intuitivamente toda a dialética do Modernismo brasileiro.

Em seu Manifesto Antropofágico, Oswald defendia que o “instinto caraíba” devorasse todas as “consciências enlatadas”, as “escleroses urbanas” e supostas verdades missionárias (segundo a as palavras de Raul Bopp, em Vida e Morte da Antropofagia). Assim ele expôs a necessidade de um confronto que gerasse bases mais independentes para a identidade nacional, pois sua percepção era a que “a nossa independência ainda não foi proclamada”. O manifesto termina apontando a deglutição do bispo Sardinha como um evento-chave; Continue lendo

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Literatura

(SWR-Bestenliste) Escolhidos de maio da crítica literária alemã

29 abril, 2009 | Por admin

A SWR-Bestenliste é um ranking mensal de obras literárias escolhidas por 30 críticos literários alemães e que serve, não sei com que grau de qualidade, de termômetro para o mundo (leia mercado) editorial alemão.

A lista de maio de 2009 foi publicada hoje. Transcrevo-a abaixo:

  1. RALF ROTHMANN: Feuer brennt nicht
  2. DAVID RIEFF: Tod einer Untröstlichen
  3. Cher ami…Votre Marcel Proust
  4. NICHOLSON BAKER: Menschenrauch
  5. LARS GUSTAFSSON: Frau Sorgedahls schöne weiße Arme
  6. OLGA TOKARCZUK: Unrast
  7. REINHARD JIRGL: Die Stille
  8. CHRISTOPH PETERS: Mitsukos Restaurant
  9. ANNA KATHARINA HAHN: Kürzere Tage
  10. KATHRIN SCHMIDT: Du stirbst nicht

Os títulos acima levam você às descrições dos livros e autores selecionados. A página está em Alemão sem versão para o Inglês.

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Literatura

2008 Prêmio National Book Critics Circle

26 janeiro, 2009 | Por admin

A National Book Critics Circle, fundada em 1974, é uma organização sem fins lucrativos interessada em exaltar a literatura de qualidade e a comunicação sobre interesses em comum.

O cerne das atividades da NBCC é o prêmio anual para os melhores livros, divididos em 6 categorias: autobiografia, biografia, crítica, ficção, não-ficção e poesia. (Veja os ganhadores do ano passado: http://bookcritics.org/awards)

Os concorrentes deste ano foram anunciados no último sábado, dia 24 de janeiro, e, como sempre, conta com nomes completamente desconhecidos para nós do Brasil:

http://bookcritics.org/blog/archive/2008_nbcc_finalists_announced/

A única restrições para se tornar um membro da NBCC é: aceitamos pessoas de qualquer nacionalidade, desde que você esteja trabalhando como crítico literário em alguma publicação Norte-Americana. “Se você resenha livros aqui (EUA), você é bem-vindo.”

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