Arquivo da tag: Augusto de Campos

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Remixes visuais

30 julho, 2015 | Por Isabela Gaglianone

augusto de campos_outro

O poeta Augusto de Campos acaba de lançar um novo livro, Outro.

“Eu mordo o que posso”, diz o poeta. O livro traz, segundo sua introdução, “novos poemas, intraduções e outraduções (remixes visuais). Achei curioso e ao mesmo tempo estranho o uso dessa palavra em discos americanos e custei a me dar conta de que se tratava de um termo musical, uma palavra-valise que sai do ‘in’ para o ‘out’, revertendo o sentido de INTRO. E que indica a diferente performance de uma faixa anterior ou algum outro ‘bonus’ – um ‘extro’. Outro outro. Outradução, extradução? Seja o que for, gostei da palavra ambígua.”

Há, ao fim do livro, indicações de clip-poemas, que podem ser vistos na internet.

Tendo passado doze anos sem publicar seus poemas em livro, Augusto de Campos declarou:

“E é com este OUTRO, que pode ser também o último bônus de meu trabalho  poético, que ouso ex-pôr estes novos poemas. Sobrevivente, para o bem ou para o mal, não posso deixar de completar o que comecei, o quanto me for possível”.  Continue lendo

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Un coup de dés

17 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Mallarmé, por Gauguin.

O poema Um lance de dados, de Mallarmé, ganhou nova tradução, realizada por Álvaro Faleiros e publicada pela Ateliê Editorial. O tradutor procurou estabelecer um diálogo com a miríade de trabalhos dedicados ao poema, em especial a consagrada tradução feita anteriormente por Haroldo de Campos [Perspectiva, 1977], que apresentou de maneira especial Mallarmé ao público leitor brasileiro. A cuidadosa edição, bilíngue, conta com um texto de apresentação da proposta de tradução, escrito por Faleiros – seu percurso concentra-se no aspecto tipográfico do poema, o que desconsidera, em parte, áreas das subdivisões prismáticas que permeiam o texto. O volume traz também uma leitura crítica do poema realizada por Marcos Siscar, bem como o prefácio, que acompanha o poema desde sua primeira edição, introduzido por Mallarmé e seguido do pedido do autor para que, logo após sua “inútil leitura”, fosse pelos leitores esquecido. Paradoxalmente, o prefácio é um verdadeiro programa da “nova arte” poética inaugurado pelo poema. Nesse prefácio, Mallarmé avisa: a diferença “de caracteres de impressão entre o motivo preponderante, um secundário e outros adjacentes, dita a importância de sua emissão oral”.

Um lance de dados, longo poema de versos livres e tipografia revolucionária, desempenhou um papel fundamental na evolução da literatura no século XX.

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Pasquim político

20 dezembro, 2013 | Por Isabela Gaglianone

O semanário político O Homem do Povo foi publicado entre março e abril de 1931. O jornal, fundado por Oswald de Andrade e sua então mulher Patrícia Galvão, a Pagu, após terem filiado-se ao Partido Comunista do Brasil, foi uma resposta militante, cujo objetivo era espalhar a mensagem da revolução entre o operariado urbano – à politicamente conturbada época de disputa entre extremas direita e esquerda, representadas respectivamente pelo nazifascismo europeu e pelo bolchevismo soviético. Hiperbólico, provocativo, crítico e satírico, o jornal aliou o humor irreverente de Oswald a uma reflexão crítica de sua própria participação no modernismo. O efêmero periódico, assim, caracterizou-se, em seus aspectos político e estético, pela militância política desenvolvida numa linguagem expressiva e comunicativa, uma escrita cheia de ironias, paradoxos, trocadilhos.

A Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, em coedição com a editora Globo e com apoio do Museu Lasar Segall, publicou a coleção integral dos exemplares fac-símile do jornal. A edição traz também textos explicativos, escritos por Augusto de Campos, Maria de Lurdes Eleutério e Geraldo Galvão Ferraz – filho de Pagu.

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